Subida dos juros aumenta lucros do Novo Banco

Novo Banco regista lucros de 148,4 milhões de euros, com contributo decisivo do reforço da margem entre os juros que recebe dos empréstimos e os juros que paga nos depósitos

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Novo Banco apresentou lucro de 148,4 milhões de euros nos primeiros três meses do ano LUSA/RODRIGO ANTUNES
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Beneficiando da subida dos juros cobrados nos empréstimos concedidos, o Novo Banco registou, no primeiro trimestre deste ano, um lucro de 148,4 milhões de euros, um valor que é 4% superior ao registado em igual período do ano passado e representa uma subida de 12% face ao trimestre imediatamente anterior.

De acordo com o comunicado publicado esta sexta-feira pela instituição financeira, o aumento dos resultados líquidos registado no arranque deste ano evidencia “um crescimento sustentável do negócio, aumento da receita e geração de capital”.

Os números apresentados revelam o impacto positivo que a conjuntura de subida das taxas de juro na zona euro está a ter nas contas do Novo Banco, à semelhança, aliás, do que acontece com outras instituições financeiras nacionais. A margem financeira do banco – que representa, na prática, a diferença entre os juros que obteve nos seus activos (incluindo os empréstimos) e os juros pagos, por exemplo, nos depósitos – aumentou de 133,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2022 para 246,3 milhões de euros agora, uma variação superior a 80%. É, diz o Novo Banco, um “reflexo da melhoria da taxa de juro média dos activos que superou o aumento do custo de financiamento” e uma consequência de “uma carteira de crédito maioritariamente indexada à taxa de juro variável" num “ambiente favorável da evolução das taxas de juro”.

Na prática, aquilo que aconteceu foi que, ao mesmo tempo que viu os seus clientes pagarem mais juros pelos seus empréstimos, em consequência nomeadamente da subida das taxas Euribor que servem de indexante na maioria dos créditos em Portugal, o Novo Banco não sentiu um agravamento de taxas tão significativo no seu próprio financiamento, como, por exemplo, nos juros que oferece aos clientes que têm depósitos nas instituições.

Esta é uma realidade generalizada entre os bancos portugueses, que têm vindo a ser alertados, por exemplo pelo Banco de Portugal, para a lentidão com que estão a fazer reflectir nos depósitos a subida geral das taxas de juro a que se assiste na zona euro desde que o Banco Central Europeu (BCE) começou a endurecer a sua política monetária para contrariar a inflação.

No entanto, nem tudo são consequências positivas para o banco na actual conjuntura de inflação e juros mais altos. Os custos operacionais do banco, que incluem, por exemplo, os salários e as despesas com bens e serviços, registaram uma subida, excluindo custos de natureza excepcional, de 5,9% face ao primeiro trimestre do ano passado.

E o montante total de depósitos registou uma tendência de descida, provocada precisamente pelo facto de não se estar a registar uma subida significativa dos juros pagos aos clientes. Entre Dezembro de 2022 e Março deste ano, o volume de depósitos no Novo Banco caiu 886 milhões de euros, para 27.526 milhões. É uma diminuição de 3,1% que o banco diz ser “essencialmente justificada por transferências para os Certificados de Aforro”.

Os portugueses, perante a reduzida atractividade dos juros pagos pelos bancos nos depósitos, têm vindo, nos últimos meses, a encontrar nos Certificados de Aforro, cuja remuneração subiu em linha com a Euribor, uma alternativa para colocar as suas poupanças.

Ainda assim, o Novo Banco diz que a tendência de redução dos depósitos parou em Abril e assinala que a sua quota de mercado em Portugal continua a subir.

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