Portugueses reciclam cada vez mais, com excepção do vidro

Primeiro trimestre do ano viu o número de toneladas recolhidas nos ecopontos aumentar 3% em relação ao mesmo período de 2022, mas foram recicladas menos mil toneladas de vidro.

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Reciclagem de vidro diminuiu 2% nos primeiros três meses do ano Daniel Rocha

Foram recolhidas 108.368 toneladas de embalagens nos ecopontos nacionais no primeiro trimestre do ano, um aumento de 3% em relação ao período homólogo de 2022. Mas nem tudo são boas notícias: a reciclagem de vidro teve uma quebra de 2% nos primeiros três meses do ano, segundo a Sociedade Ponto Verde.

Os dados do primeiro trimestre mostram que os portugueses reciclam mais e que o país continua, assim, a "atingir as metas da reciclagem das embalagens". A excepção é o vidro, que teve menos mil toneladas recicladas, de acordo com dados do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), e "merece particular atenção".

Em comparação com o primeiro trimestre de 2022, foi reciclado mais 9% de papel ou cartão (um total de 36.620 toneladas) e mais 2% de plásticas (19.589 toneladas). Segundo a Sociedade Ponto Verde, citando dados de desempenho do SIGRE, o crescimento mais efectivo foi verificado nas embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL), com um aumento de 10% para 2161 toneladas.

"Estes dados revelam um aumento de reciclagem nas escolas, no qual há um volume mais significativo de pacotes de bebidas, e que estas estão a ser depositadas correctamente no ecoponto amarelo, fruto de acções educativas promovidas pela Sociedade Ponto Verde junto de alunos e professores", considera a entidade num comunicado enviado às redacções.

A descida verificada no vidro inverte uma tendência de crescimento que se observava ao longo dos últimos anos, alimentada por uma "estratégia específica para aumentar a recolha selectiva deste material", observa a Sociedade Ponto Verde, apelando a que cada português faça um pequeno esforço para superar as metas estabelecidas.

"Considerando que a actual taxa de reciclagem nacional deste material [vidro] é de 56% e o objectivo é chegar aos 75% até 2025, é fundamental uma maior mobilização por parte de todos os portugueses: se cada cidadão reciclar, pelo menos, mais duas garrafas de vidro por mês, as metas serão não só cumpridas como superadas", refere a nota.

A presidente executiva (CEO) da Sociedade Ponto Verde sublinha que a reciclagem de embalagens é "o único fluxo urbano a cumprir com as metas nacionais, com excepção do vidro". "É, por isso, fundamental convocar todos, quando o país tem novas metas para alcançar, não só nas embalagens como noutros materiais que fazem parte do nosso dia-a-dia enquanto consumidores", diz Ana Trigo Morais.

Em 2022, mais de 30 entidades ligadas ao vidro juntaram-se para lançar a Vidro+, uma "plataforma colaborativa" com o objectivo de incentivar a recolha de vidro para reciclagem. Na altura do anúncio, o presidente da associação Smartwaste, Aires Pereira, sublinhava o valor "muito baixo de 56% de reciclagem de vidro", bastante longe da meta para 2030 de 90%.

Também no ano passado, em Novembro, a associação ambientalista Zero lamentou uma taxa de reciclagem que se mantinha "vergonhosamente nos 21%", em reacção ao Relatório Anual sobre Resíduos Urbanos (RARU201).

Notícia corrigida às 13h. Uma nova versão do comunicado de imprensa corrigiu que a quebra no vidro representa menos mil toneladas recicladas.

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