Sindicatos da TAP exigem “medidas sérias” ao novo presidente que “garantam a paz social”

Um conjunto de 13 sindicatos da TAP emitiu uma carta aberta ao novo presidente da companhia, Luís Rodrigues, na qual exigem medidas como o fim dos cortes salariais e falam em acções de protesto.

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Novo presidente da TAP assume funções esta sexta-feira Nuno Ferreira Santos

Os principais sindicatos que representam os trabalhadores da TAP emitiram esta quinta-feira uma carta aberta ao novo presidente da TAP, Luís Rodrigues, na qual dizem que, “perante os últimos acontecimentos da comissão parlamentar de inquérito, mas mantendo um elevado grau de responsabilidade”, não podem “ficar indiferentes aos sucessivos escândalos”, exigindo “medidas sérias e concretas que garantam a paz social”.

Falando em sentimento de “desalento”, mas também de “um elevado grau de esperança” face à entrada do novo presidente, que já foi administrador executivo da TAP e que estava a liderar a açoriana SATA, os sindicatos dizem que não podem “continuar a compactuar com uma retórica baseada num plano de reestruturação que os trabalhadores (e os contribuintes) não conhecem”.

Este plano, defendem, “há muito deixou de fazer sentido, seja pela realidade operacional que a TAP vive (recentemente confirmada pelos resultados apresentados), seja pelas projecções internacionais do sector da aviação comercial”.

Assim, este grupo de 13 sindicatos, que inclui os pilotos (SPAC), manutenção (Sitema), tripulantes de cabina (SNPVAC) e pessoal de terra (Sitava), entre outros, exigem “de imediato o fim dos ATE [acordo temporário de emergência], o fim dos cortes e dos congelamentos salariais, a reversão das denúncias dos AE [acordos de empresa, em vigor até à pandemia], bem como a reintegração dos trabalhadores alvo do despedimento colectivo”.

Acções de protesto no horizonte

Em paralelo, os sindicatos afirmam que vão avançar com acções de protesto. “Não nos contentamos apenas com palavras. A nossa insatisfação pelo rumo que a empresa está a levar — pela ausência de soluções e respostas em relação ao infantário — será visível através de uma série de iniciativas que iremos previamente comunicar nos próximos 30 dias.”

De acordo com estes sindicatos, “se a empresa (e o Governo) não alterarem a sua posição sobre estas temáticas e não tomarem medidas que visem o restabelecimento das condições laborais e financeiras dos trabalhadores do grupo, não restará outra solução aos sindicatos senão assumir uma posição que, apesar de indesejável, é legítima, face à absoluta desproporcionalidade existente e que há muito deveria estar extinta”.

O ministro das Infra-estruturas, João Galamba, já afirmou que os novos desafios do novo presidente são "devolver confiança e paz social à TAP, continuar a implementar com sucesso o plano de reestruturação”; “conduzir, em articulação com o accionista, o processo de abertura e privatização do capital da TAP”; bem como garantir o “sucesso das negociações com as estruturas sindicais” e “assegurar um pilar-chave do plano de reestruturação, que são os acordos de empresa alinhados com a sustentabilidade futura, financeira e operacional” da TAP.

O novo presidente vai assumir funções esta sexta-feira, dia 14 de Abril, substituindo o presidente do conselho de administração, Manuel Beja, e a presidente da comissão executiva, Christine Ourmières-Widener, que saem esta quinta-feira da empresa após terem sido afastados pelo Governo na sequência do caso Alexandra Reis e do relatório da IGF.

De acordo com o comunicado enviado esta quinta-feira ao regulador do mercado de capitais, a CMVM, Luís Rodrigues entra na empresa “para exercer funções no período remanescente do mandato em curso de 2021/2024”. A empresa deverá ter em breve uma nova cara na administração executiva, uma vez que Silvia Mosquera Gonzalez apresentou a sua renúncia ao cargo no final de Março, com efeitos no próximo dia a 23 de Junho.

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