Ohai Nazaré, provavelmente o melhor campismo para crianças de Portugal
O campismo é conhecido por ter a mais alta e “instagramável” piscina de toda a Europa, feita exclusivamente com contentores navais.
Decidimos celebrar o fim dos testes com um fim-de-semana ao ar livre: a nossa estreia no glamping. Duas pré-adolescentes, curiosas com o conceito de campismo de luxo, a vibrar com o look “instagramável” das piscinas e excitadas com as mil actividades propostas, e os pais, a precisar de recarregar baterias, porque o Verão ainda está longe, mas as últimas férias ainda estão mais.
Quando saímos da auto-estrada, o caminho é rápido e directo, mas o GPS é o nosso melhor amigo, porque não existem muitas indicações para o Ohai Nazaré. Chegámos lá na sexta-feira, ainda era de dia, e aproveitámos para fazer a marcação das refeições (é obrigatório) e reservar uma hora de um campo de padel para o dia seguinte, porque “é das actividades mais concorridas”, avisou uma das recepcionistas.
São oito hectares situados no Parque Nacional de Leiria, a maior reserva de pinhal da Península Ibérica, e optámos por ficar na zona do glamping – uma mistura de tenda com casa, feita com madeira e oleados, duas camas de casal, casa de banho e cozinha. Ainda fomos a tempo de ver o pôr-do-sol na imensidão de mar que se avistava do terraço da nossa “casa”, ouvindo apenas os sons que a natureza nos trazia. E assim, num ápice, a azáfama da cidade e do trabalho está em pausa, é esquecida. Este é, de facto, um sítio diferente: parece um hotel porque tem todas as comodidades, mas felizmente é campismo de luxo no meio da natureza.
Existe a opção de incluir as refeições na reserva, garantindo que não é preciso sair do parque, e à hora marcada estávamos a jantar. Quando a lotação está preenchida, há buffet (carne, peixe e vegetariano); para além das entradas e do menu para os mais novos, destaque para os douradinhos: “os melhores que já comi”, palavra de criança.
Bem cedo, por volta das 21h, no andar de cima do restaurante, o mesmo para todas as refeições, já havia actividades com música para crianças. Com tantos saltos, tanta energia gasta, a probabilidade de as crianças terem uma noite “santa” é grande. As coreografias são feitas por um animador bastante competente, com sotaque alentejano e um enorme sentido de humor. Os que não estavam interessados naquelas actividades optavam entre o parque infantil (muito completo) ou a sala de convívio, que está dividida em dois por uma parede de vidro.
De um lado, uma sala com lareira (útil apenas no Inverno), bem decorada, onde me refastelei a ler um livro que recomendo: A noite em que o Verão acabou, de João Tordo. Do outro, uma sala com matraquilhos e bilhar, onde elas ficaram a jogar com o pai. Havia a possibilidade de requisitar os comandos da PlayStation, mas preferimos ignorar a informação para afastar a tecnologia. Do programa dessa noite ainda constava karaoke. Embora só uma pessoa da família tenha jeito para a música, todos adoram cantar, mas, como estávamos os quatro KO, fomos para a tenda descansar.
Há vida no parque
Passa meia hora das oito da manhã, de lá de fora chega a alegria de crianças a brincar. Quando se calam ou, o mais provável, se afastam a caminho de alguma actividade, ouve-se o cantar dos passarinhos. Abrimos o fecho da grande “tenda” e confirmamos que o bom tempo continua. O glamping também tem ar condicionado, mas não foi preciso utilizá-lo.
Saímos em direcção à sala de pequeno-almoço, crianças correm sozinhas de um lado para o outro, algumas fizeram amigos no dia anterior. Daí a pouco, haveremos de ouvir a bola a bater com força nos campos de padel e as gargalhadas a multiplicarem-se na zona de jogos das crianças. Chegámos ao pequeno-almoço, a melhor das refeições do Ohai, com uma variedade e qualidade que não encontramos em muitos hotéis. Os empregados são de uma grande simpatia e, se eu fosse uma crítica, dava a todos cinco estrelas. Bastou um comentário em família sobre o facto de terem acabado os waffles e, em menos de nada, uma funcionária chegou à nossa mesa com um enorme tabuleiro: “Ouvi dizer que lhe estava a apetecer um waffle.” Como as nossas crianças estão em fase acelerada de crescimento, ficámos quase uma hora no pequeno-almoço.
A actividade no parque começa a aumentar, há crianças pequenas nos insufláveis ou a fazer jogos, um jogo do galo gigante no chão, minigolfe, flechas… Decidimos ir fazer slide, antes mesmo de regressarmos à tenda para lavar os dentes. Os campos de padel e os jogos para os mais pequenos estão todos ali ao lado uns dos outros. Esta proximidade ajuda imenso a vida de famílias com filhos em diferentes idades, permitindo também que os pais façam as suas actividades. Uma das grandes vantagens do Ohai Nazaré é exactamente a sua dimensão (oito hectares): é suficientemente grande para ter tudo o que é preciso, mas não tão grande que o torne insuportável.
O bom tempo aconselha a vestir o fato de banho, mas o terraço onde chega o wi-fi grátis também é uma boa opção para saber com que notícias se faz o dia. Ou para quem estiver em teletrabalho, mesmo que o resto da família esteja de férias ou de fim-de-semana. A vista do terraço leva-nos ao mar e a um caminho, pelo meio do pinhal, que vale a pena percorrer. Optámos, desta vez, por ficar no parque e experimentar as icónicas caixas do Ohai (a zona da foto de Instagram por excelência).
São quatro grandes contentores com janelas transparentes, colocados a alturas diferentes mas todos ligados uns aos outros. A piscina de cima, com uma vista deslumbrante para a praia e com árvores quase ao esticar do braço, é a que tem a água mais fria, e a de baixo é a mais quente (28 graus). Em frente, há uma zona com areia e espreguiçadeiras.
Primeiros mergulhos do ano: check! Ali bem perto, o parque aquático com quatro escorregas, ou tubo-gans, que aguentam pessoas até aos 136 quilos. Mesmo ao lado, há duas piscinas cobertas, uma grande com água a 23 graus e outra mais pequena com água a 27 graus. Faltou dizer que a água dos escorregas está a 15/17 graus.
Entre as brincadeiras na água, há uma série de actividades desportivas para fazer. Há quem jogue vólei, quem prefira o padel e quem queime o tempo a jogar paintball. Em dias de calor, é certo que convém marcar vaga no parque aquático ou nas piscinas, porque é “preciso garantir a diversão em segurança para todos”. Calma, também é possível não fazer nada, ficar esticado numa espreguiçadeira na sua própria varanda, no meio da natureza.
Feita a pausa de almoço, às 16h fomos fazer a caça ao tesouro, porque este fim-de-semana é feito em família e as crianças não dispensam brincadeiras nem prémios. Era o mesmo animador da noite anterior e, além das gargalhadas, esta foi melhor maneira de fazer uma visita guiada ao resort. Encontrámos o tesouro, dançámos e no fim houve um pacote de guloseimas para todos, adultos incluídos. Tínhamos marcado campo de padel para as 17h e, por isso, não deu tempo de fazer uma pausa.
Depois de uma passagem pela Nazaré (a visita à vila tem mesmo de ser feita), fomos jantar. Arrefeceu imenso, já tivemos de vestir a roupa mais quente. E assim passou mais um dia, um dia de paz e liberdade. Fim-de-semana de mudança de hora, a acordar mais cedo os crescidos, que tiraram as mais novas da cama facilmente. Bastou lembrar que era hora do pequeno-almoço (se só escolher uma refeição no parque, opte por esta, que é a que tem melhor relação qualidade-preço).
O check out fez-se a contragosto, porque um fim-de-semana sabe a pouco. As filhas queriam ficar mais uma semana. Há vantagens em viver na cidade, mas ninguém dispensa uma desintoxicação no meio da natureza. Tínhamos pensado em almoçar no Ohai, mas como abusámos no pequeno-almoço decidimos ir para outras paragens. As opções são várias: Caldas da Rainha, São Martinho do Porto, Óbidos... Decidimos ir comer peixe grelhado, junto ao mar.
A Fugas esteve alojada a convite do Ohai Nazaré