Glamping quase esgotado no Norte e nem pandemia afasta turistas

Os portugueses estão à procura da natureza para férias durante a pandemia de covid-19.

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Na Quinta da Pacheca "vão-se intensificando" as reservas de estrangeiros conforme reabrem fronteiras e se retomam voos DR

A procura pelo glamping - junção de glamour e camping - para fazer férias com o distanciamento social necessário em tempos de covid-19 fez disparar as reservas no Norte e há mesmo empreendimentos turísticos com o verão quase esgotado.

Os portugueses estão à procura da natureza para férias durante a pandemia de covid-19 e o glamping do Lima Escape, um parque de campismo em Ambos-os-Rios, distrito de Viana do Castelo, tem as casas da árvore à beira do rio Lima com taxas de ocupação próximas dos 100% para os próximos dois meses, avançou nesta sexta-feira à agência Lusa Anna Altshul, sócia-gerente do empreendimento.

“Há muita procura. Parece que todo o mundo está agora à procura de locais calmos no meio da natureza e o nosso glamping com as casinhas e tendas é um desses locais”, declara a empresária, referindo que, em duas ou três semanas, ficaram com o verão com “lotação quase esgotada”. A maioria são hóspedes portugueses, pois os estrangeiros “ainda não têm certezas sobre os aviões” e “remarcaram para o próximo ano”.

Para garantir a segurança aos clientes, o Lima Escape implementou medidas adicionais de limpeza e recebeu o selo “Clean and Safe” do Turismo de Portugal. Na parte de campismo tradicional, estão a trabalhar “por reservas” e metade da capacidade para garantir o distanciamento social. O take-away é a solução que o Lima Escape encontrou para os clientes que queiram refeições confeccionadas.

O glamping do Parque Biológico de Vinhais, distrito de Bragança, tem o mês de Agosto praticamente completo e o mês de Julho está com 70% de reservas confirmadas, adiantou o director do parque, Miguel Fernandes.

Miguel Fernandes destaca que a maioria das reservas são de turistas da zona do Porto e que os clientes nacionais “duplicaram as estadias” em relação aos anos anteriores, passando dos tradicionais três ou quatro dias para os oito. Há reservas “pontuais” de espanhóis e franceses. O parque tem 48 camas distribuídas por “igloos” e “bungalows.

Ainda no distrito de Bragança, no Glamping Hills, os fins-de-semana de Junho estão “esgotados” e a “segunda quinzena de Agosto está praticamente completa”, avança João Madureira, sócio do Glamping Hills.

“As pessoas querem mais privacidade e calma e vêm mesmo fazer férias no interior de Portugal com estadias mais longas do que noutros anos e se prolongam por uma semana ou mesmo 10 ou 12 dias, conta João Madureira, explicando que, para aumentar a segurança dos hóspedes e dos trabalhadores, além do selo “Clean and Safe” investiram num equipamento para purificar o ar das cabanas.

No Glamping Hills, estão disponíveis para os hóspedes máscaras especiais contra a covid-19 concebidas com resíduos da limpeza das matas da região.

As reservas no glamping da Quinta da Pacheca, na região do Douro, com barricas especiais junto às vinhas, estão acima dos 50% este mês. A perspectiva para Julho, Agosto e Setembro é positiva, pois hoje a taxa de ocupação já estava nos 40%, com “um crescendo na efectivação de reservas”, contou Sandra Dias, directora do enoturismo da Quinta da Pacheca.

A maioria dos clientes de Junho são portugueses (90%) e os restantes 10% são “sobretudo hóspedes brasileiros e ingleses que residem em Portugal”. Para Setembro, as reservas registam 20% de ocupação de turistas norte-americanos.

“Nota-se que, à medida que as fronteiras vão abrindo e que os voos vão sendo mais regulares, as reservas de outras nacionalidades vão-se intensificando. É um excelente indicador da intenção dos turistas que nos dá motivação extra para continuarmos a dinamizar as nossas actividades e a nossa marca”, observa Sandra Dias.

Também no Carmo's Boutique Hotel, Viana do Castelo, as reservas para as tendas suite estilo glamping para os próximos dois meses de Verão estão com uma taxa de ocupação a rondar os 50%.

Segundo Raquel do Carmo, uma das sócias gerentes, a procura das tendas luxuosas é o produto com “mais sucesso” naquela unidade hoteleira, e os clientes são 90% de nacionalidade portuguesa, embora haja “algumas reservas de turistas holandeses e brasileiros para Setembro e Outubro.

No glamping do Nomad Planet, em Fiães do Rio, distrito de Vila Real, onde há panorâmicas para o Parque Nacional da Peneda-Gerês a partir de “yurts” (tendas da Mongólia tradicionais), ou da casa da árvore “Toca do Lobo”, nome em honra do lobo ibérico, uma espécie em vias de extinção, ainda não atingiram as taxas de reserva de anos anteriores, mas estão a ter reservas principalmente de portugueses, conta Vítor Afonso, proprietário do espaço.

No Nomad Planet, as medidas de segurança foram reforçadas com a disponibilização de gel e desinfectante nas zonas comuns e o número de pessoas foi limitado.

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