TAP: PSD diz que director financeiro “mentiu ao Parlamento” e pede posição do Governo

O Chega anunciou que irá apresentar uma acção popular no Supremo Tribunal Administrativo relativamente às indemnizações pagas pela TAP a trabalhadores.

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Ventura quer "responsabilizar o Governo e o Estado" por eventuais "erros de gestão". Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD acusou esta segunda-feira o director financeiro da TAP de ter mentido ao Parlamento e desafiou o ministro das Finanças e o primeiro-ministro a tomarem uma posição sobre esta "falta à verdade" de Gonçalo Pires.

"Quero daqui instar o senhor ministro das Finanças e o senhor primeiro-ministro a tomarem uma posição acerca da falta à verdade do depoimento dado na comissão parlamentar de inquérito (CPI) por este responsável", afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, no final da reunião da Comissão Permanente do PSD, na sede nacional do partido.

Questionado se entende que o CFO (director financeiro) da TAP deveria ser demitido, o presidente do PSD remeteu essa decisão para o Governo, embora, na sua opinião, esta "falta à verdade" num inquérito parlamentar "inviabilize a assunção das condições exigidas para o cumprimento da tarefa".

"Mas isso é a nossa opinião, o que é importante é saber a opinião do ministro das Finanças", disse. Montenegro salientou que o director financeiro da TAP "tem reporte directo ao ministro das Finanças": "O CFO da TAP mentiu na comissão de inquérito e isso tem de ter consequências", insistiu.

Questionado se também os ex-governantes têm responsabilidades a assumir, o presidente do PSD considerou que "começa a ficar muito claro que, ao longo dos últimos meses, houve pouca verdade nas intervenções dos membros do Governo sobre este assunto". "Há demasiada confusão a pairar no ar, pessoas que diziam que não sabiam, mas pelos elementos documentais afinal participaram directamente na atribuição da indemnização", disse, sem referir nomes.

O líder do PSD disse não querer antecipar conclusões da CPI, mas salientou que as audições só começaram há uma semana e já "há demonstrações que o processo estava muito mal explicado".

Na semana passada, o director financeiro da TAP, Gonçalo Pires, descartou ter conhecimento do acordo para a saída da ex-administradora Alexandra Reis da companhia aérea. "Não tomei a decisão nem ajudei a tomá-la", afirmou na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

Gonçalo Pires explicou que teve conhecimento da saída mas só "informalmente", através de uma comunicação da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, numa mensagem de WhatsApp poucos dias antes da confirmação oficial.

No entanto, segundo a TVI/CNN, a versão do administrador financeiro contrasta com a de Christine Ourmières-Widener, que será ouvida na terça-feira na mesma comissão, segundo a qual Gonçalo Pires foi informado desde o início do processo da saída de Alexandra Reis.

Chega irá apresentar acção popular

Por seu lado, André Ventura, anunciou esta segunda-feira que o Chega vai apresentar uma acção popular contra o Estado junto do Supremo Tribunal Administrativo para se responsabilizar quem autorizou a TAP "a pagar indemnizações absolutamente ilegais e imorais", afirmou o presidente e deputado do partido.

Em conferência de imprensa, o presidente do Chega indicou que o seu partido vai "dar entrada com uma acção popular junto do Supremo Tribunal Administrativo nos termos do artigo 52, número 3, da Constituição, que prevê que algumas associações podem em alguns casos ir junto da justiça para assegurar a defesa dos bens do Estado quando eles estão em causa".

O líder do Chega indicou também que o objectivo desta acção, que vai ser entregue "até ao final da semana", é "recuperar os valores ilegais que esta administração da TAP pagou" e, "se necessário, responsabilizar o Governo e o Estado por erros de gestão, por má gestão e por cumplicidade danosa de gestão da TAP".

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