TGV. Rui Moreira queixa-se de “desconfiança estratégica” entre Espanha e Portugal

Em evento organizado pelo PP espanhol, presidente da câmara do Porto denunciou “silêncio sepulcral” da autarquia galega socialista sobre projecto de TGV entre Vigo e Porto.

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Adriano Miranda

De passagem pela Galiza, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, deixou uma mensagem clara ao alcaide de Vigo, Abel Caballero: “O Norte de Portugal não vai perdoar que se esqueça a alta velocidade para 2030, independentemente de quem governe o país.”

Em entrevista ao jornal La Voz de Galicia, a propósito dos desencontros em termos de aposta na ferrovia, Rui Moreira diz que “entre Espanha e Portugal há uma enorme desconfiança estratégica”. “Estamos em tempo de decisão política e acredito que em sete anos estará concluída a parte portuguesa”, assegurou o autarca portuense.

A entrevista surge no contexto de uma visita de Rui Moreira à Galiza, numa deslocação a Vigo, na sexta-feira, em que o presidente da câmara do Porto surgiu ao lado de Marta Fernández-Tapias Núñez, actual delegada territorial da Xunta da Galiza em Vigo e candidata do Partido Popular (PP) à liderança de Vigo nas eleições de Maio.

Em Vigo, Rui Moreira denunciou o “silêncio sepulcral” do actual alcaide socialista Abel Caballero sobre o projecto de TGV entre Vigo e Porto, alertando para o risco que corre o financiamento europeu da ligação ferroviária de alta velocidade entre a Galiza e Portugal devido à pressão exercida por outros projectos como o TGV entre Espanha e França.

“Não vai haver dinheiro para todos e por isso não compreendo o silêncio de Vigo, a cidade que deveria ser a mais interessada em promover o comboio de alta velocidade para o Porto”, sublinhou, num evento organizado pelo PP no Museu do Mar sobre a cooperação actualmente existente ao nível das infra-estruturas - do eixo ferroviário, mas também portos marítimos -, competitividade e turismo.

“Essa posição não ajuda os autarcas portugueses na pressão que, todos sem excepção, estamos a fazer sobre o nosso Governos para completar este traçado”, argumentou, citado pelo jornal La Voz de Galicia.

Fim de ciclo

A dois anos do final do seu terceiro e último mandato, Rui Moreira reforçou ao Voz de Galicia que não tem pretensões de se candidatar às presidenciais. “Deixarei a autarquia com 70 anos, será tempo de escrever, passear e navegar pela Galiza”. “Eu não viveria num palácio em Lisboa”, sublinhou, brincando: “seria revolucionário mudar a presidência para o Porto.”

Sobre a sua aparição em plena pré-campanha para as eleições no Estado espanhol, o autarca responde: “Sou independente, mas neste momento votaria no PP, se bem que gostaria de ouvir o meu amigo [Alberto Núñez] Feijoo dizer que sonha em não precisar do Vox.”

E acrescentou ainda, a propósito da força dos partidos da extrema-direita no panorama político do país, que “o centro tem que ser capaz de dizer: com eles, não”. “O mais perigoso é a habilidade que têm de mudar de pele: umas vezes parecem civilizados, noutras são claramente falangistas”, alertou.

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