Basta de egoísmos: necessitamos rapidamente de um hospital central no Oeste

O novo hospital deve ser no Bombarral: tem maior centralidade geográfica e populacional, é mais equidistante das populações oestinas, e tem melhores acessibilidades.

1 – A premência de melhores condições hospitalares na Região Oeste é uma premissa sentida pelas populações há décadas; tendo em conta a necessidade de agregação de valências para uma racional optimização dos recursos existentes, na última década decidiu-se a construção de um novo hospital central, mais bem apetrechado humana e tecnicamente, em detrimento do espartilhar ineficiente de recursos por três hospitais locais sem as devidas condições.

2 – Para contornar exigências bairristas e politiqueiras, que protelaram a concretização do novo hospital, os 12 municípios da Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oeste CIM) decidiram, por unanimidade e de forma madura e cívica, basear a escolha da localização do novo hospital em critérios técnicos, apurados mediante parecer desenvolvido por uma comissão de reputados especialistas associada a uma conceituada instituição.

3 – O relatório final, fundamentado em critérios técnicos específicos (equidistância das populações, presença de vias de comunicação estruturantes, peso demográfico, proximidade a áreas urbanas), ditou a opção pela localização no Bombarral, consistentemente em primeiro lugar nos parâmetros avaliados. O assunto da localização parecia decidido, assente em fundamentos sólidos e com ampla sintonia.

4 – Afinal, o consenso durou pouco: os municípios das Caldas da Rainha e de Óbidos rasgaram o acordo assinado, com base em razões populistas e criticando escolhas técnicas consistentes em detrimento de novas orientações “à medida” ajustadas às suas pretensões. Que pensar de responsáveis que quebram acordos ou os assinam de má-fé, aceitando resultados apenas se coincidirem com interesses próprios, descurando o bem comum?

5 – Mas vamos a factos concretos: o Bombarral tem a maior centralidade geográfica no Oeste, ficando a 74 km de Leiria, 72 km de Lisboa e 64 km de Santarém; a nível regional, fica a 21 km das Caldas da Rainha, 26 km de Torres Vedras e 33 km de Peniche, conferindo tempos de acesso equitativos. Para quem defende o novo hospital nas Caldas da Rainha por ser longe dos grandes centros urbanos: esta fica a 53 km de Leiria e 55 km de Santarém, enquanto Torres Vedras fica a 51 km de Lisboa; ou seja, a primeira fica perto de duas capitais distritais, e a segunda de apenas uma.

6 – Em relação à coesão territorial, e tendo como base o mencionado estudo: um hospital no Bombarral serviria uma população de 225.000 habitantes a meia hora de distância (53% da população), e 390.000 habitantes a 45 minutos (93%); já nas Caldas da Rainha serviria 215.000 habitantes a meia hora (51%), e somente 345.000 habitantes a 45 minutos (82%).

7 – As localizações no Bombarral e nas Caldas da Rainha ficam ambas a menos de 25 km de 28% da população (120.000 habitantes); porém, se aumentarmos o raio para os 50 km, a localização no Bombarral abrange 80% da população (335.000 habitantes), enquanto nas Caldas da Rainha abrange apenas 68% (285.000 habitantes).

8 – A recusa dos 18.000 caldenses fazerem 21 km até ao Bombarral para ficarem com o novo hospital a apenas 3 km da sua cidade faria com que os 25.000 torrenses tivessem que percorrer 40 km até às Caldas da Rainha (contra apenas 26 km até ao Bombarral).

9 – Quanto às acessibilidades, ambas as localizações (Bombarral e Caldas da Rainha) ficam perto de acessos à auto-estrada A8, principal via rodoviária estruturante do Oeste, e ficam a 3,5 km das estações ferroviárias do Bombarral, e de Óbidos ou das Caldas da Rainha (distâncias similares para as estações rodoviárias). A construção de uma nova estação ferroviária junto à localização proposta pelas Caldas da Rainha não faz sentido pela proximidade às estações existentes e porque inflacionaria exponencialmente os custos indirectos associados à construção do novo hospital.

10 – Mesmo as queixas referentes à maior oferta de cuidados de saúde em Torres Vedras, comparando com as Caldas da Rainha, são ilusórias: para uma população de 140.000 pessoas, existe um hospital público e dois privados (CUF e Soerad) em Torres Vedras, dando uma distribuição de 46.500 pessoas por hospital; nas Caldas da Rainha existe um hospital público e um privado (Montepio Rainha D. Leonor) para 95.000 pessoas, dando uma distribuição de 47.500 pessoas por hospital – diferença insignificante.

11 – Se fossem seguidos indicadores propostos por defensores do hospital nas Caldas da Rainha (dinâmicas sociais e económicas, escolas, indústria, comércio e serviços, protecção civil, fluxos populacionais), a localização eleita seria Torres Vedras! Mas, ao contrário dos responsáveis das Caldas da Rainha (e Óbidos), Torres Vedras preferiu olhar para o bem comum da população e aceitou a localização que mais gente beneficia na região Oeste – o Bombarral.

12 – Caldas da Rainha já tem a sede da Oeste CIM, e quer também o novo hospital do Oeste, mas... Não será o novo hospital que porá termo à lenta decadência que tem afligido a cidade; tal deve-se às políticas locais que têm vindo a ser seguidas. O novo hospital tem de estar ao serviço da população do Oeste, não é uma pretensa bóia de salvação para um suposto progresso.

13 – Quanto às razões históricas e memorativas: a rainha D. Leonor fundou nas Caldas da Rainha um hospital termal, e este continuará a existir nesta cidade. Já a obrigação histórica das Caldas da Rainha para com o benemérito Isidoro Alves de Carvalho Aguiar esbarra com a obrigação histórica do Bombarral para com a benemérita Inocência da Silva Cairel Simão. A vida é feita de frente para o futuro e não para o passado, e este não deve ser o principal condicionador das decisões a tomar.

14 – O novo hospital deve ser no Bombarral: tem maior centralidade geográfica e populacional, é mais equidistante das populações oestinas, e tem melhores acessibilidades e posicionamento junto a um núcleo urbano. Não deve ser nas Caldas da Rainha, região com menos população e em perda de densidade populacional face ao sul do Oeste, o qual apresenta maior pujança demográfica e pleno crescimento – o sul ficaria amputado de cuidados hospitalares qualitativos, sendo remetido para o já extremamente congestionado hospital de Loures.

15 – Basta de egoísmos, necessitamos rapidamente de um hospital central no Oeste. Não queremos mais adiamentos nem debates sobre o que já foi suficientemente discutido e cuja melhor solução técnica para a sua localização já se conhece. Respeitemos a vontade da população do Oeste, faça-se no Bombarral o novo Hospital do Oeste, a bem de todos os oestinos!

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