Montenegro reforça núcleo duro com assessor de comunicação de Rangel

Líder do PSD contrata chefe de gabinete que está há mais de 12 anos em Bruxelas e que tem trabalhado as campanhas para as europeias.

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Luís Montenegro convidou Paulo Rangel para primeiro vice-presidente no congresso de Julho passado Paulo Pimenta

Numa altura em que está a ser criticado por não conseguir passar a mensagem e perante o teste difícil das europeias de 2024, o líder do PSD contrata para o seu núcleo duro, como chefe de gabinete, o assessor de comunicação do eurodeputado Paulo Rangel. Pedro Esteves é muito próximo do primeiro-vice-presidente do partido e era actualmente chefe de gabinete da delegação do PSD no Parlamento Europeu, onde estava há mais de 12 anos. Nem sempre Esteves e Luís Montenegro estiveram alinhados na mesma ala do partido.

Pedro Esteves será o primeiro chefe de gabinete de Luís Montenegro, já que o cargo não existia desde que o líder do PSD assumiu funções, em Julho do ano passado, noticiou a Rádio Renascença e confirmou o PÚBLICO. Mais do que um assessor de imprensa, Pedro Esteves foi director de campanha do então candidato à liderança do PSD na disputa eleitoral interna entre o eurodeputado e Rui Rio em Novembro de 2021.

Foram também os seus serviços que valeram a Carlos Moedas quando se candidatou à Câmara de Lisboa. Como a candidatura foi tornada pública antes do previsto, o ex-comissário europeu recorreu aos serviços de Pedro Esteves, por cedência de Paulo Rangel, para o arranque da campanha, antes de ter contratado António Valle, antigo assessor de Passos Coelho e actual chefe de gabinete de Moedas na câmara.

Com 41 anos e formação em Engenharia Civil, Pedro Esteves é natural do distrito de Aveiro, o mesmo de Luís Montenegro, e os dois conhecem-se há muitos anos, embora nem sempre tenham estado alinhados nas questões internas do partido. Paulo Rangel não foi considerado um “passista” (a ala onde nasceram as principais figuras de Luís Montenegro), foi apoiante da liderança de Rui Rio, que teve os “montenegristas” como a principal oposição interna.

A convergência acabou por acontecer quando Rangel enfrentou Rui Rio nas directas de 2021 e tinha ao seu lado a maioria dos destacados apoiantes de Luís Montenegro. O eurodeputado perdeu as directas e houve quem, entre os seus apoiantes, responsabilizasse a falta de empenho do antigo líder parlamentar na candidatura que desafiou Rio. O clima azedo acabou por ser ultrapassado em Julho do ano passado, quando Luís Montenegro chamou Paulo Rangel para primeiro-vice-presidente do PSD, numa tentativa de convergência interna.

Pedro Esteves conhece bem a máquina do PSD, tem trabalhado muito a comunicação e em particular a comunicação nas instâncias europeias e de campanhas para as europeias. A sua contratação acontece a um ano das eleições para o Parlamento Europeu, que são um teste decisivo para a liderança de Montenegro. As novas funções iniciam-se em Maio, a poucos meses das eleições na Madeira, onde o PSD, em coligação com o CDS, espera manter a maioria absoluta e não ser afectado pelos resultados do Chega.

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