Os miúdos de hoje em dia... Por que respondem e desrespeitam os mais velhos?

Quando se trata de parentalidade, esta questão é difícil porque temos tantos tipos de famílias, culturas, credos e tradições, o que significa que não há uma forma única de “respeitar os mais velhos”.

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A cultura parental está a caminhar para um maior respeito por todos Max Fischer/Pexels

Como conseguir que as crianças mostrem respeito pelos mais velhos, como os pais, professores, etc.? Hoje em dia, as crianças, algumas muito pequenas, parecem sentir-se no direito de falar, discutir, usar palavras vulgares e não ouvir a voz da autoridade. Quando eu era jovem, não importava quem era o adulto; não se falava, muito menos se discutia sobre quem é que mandava!


Quando se trata de parentalidade, esta questão é difícil porque temos tantos tipos de famílias, culturas, credos e tradições, o que significa que não há uma forma única de "respeitar os mais velhos".

Pense em diferentes culturas (asiática, negra, latina, hispânica, italiana e outras), e provavelmente notará uma tradição de cuidar dos membros mais velhos da família, especialmente pelas mulheres da família. Em geral, as famílias são há muito patriarcais e têm tido um profundo respeito pelos seus mais velhos.

Mas isso está a mudar.

Como tem reparado, as crianças "parecem agora sentir-se no direito de falar, discutir" e "não ouvir a voz da autoridade", e fico contente por ter usado a palavra autoridade.

Geralmente falamos de quatro tipos de parentalidade: autoritativa, autoritária, permissiva e negligente.

Permissivos e negligentes são os tipos de parentalidade mais fáceis de compreender. Uma educação permissiva é quando os pais põem poucos limites, deixando as crianças inseguras e falsamente poderosas, enquanto os pais que promovem uma educação negligente deixam as crianças à solta, deixando-as em pânico e ansiosas. (Curiosamente, os filhos de pais permissivos tendem a ter piores resultados, mas isso é tema para outro texto).

Os pais autoritativos têm padrões elevados mas são pacientes e calorosos, e promovem discussões abertas com os seus filhos. Os pais autoritativos não têm medo de ouvir os seus filhos, e não usarão coerção ou manipulação para abordar os comportamentos. Os filhos de pais autoritativos são mais independentes e apegados com mais segurança, e têm tipicamente menos problemas de saúde mental. Normalmente também têm boas relações com os seus pares, pais, professores e, sim, com os mais velhos.

Os pais autoritários têm grandes expectativas e exigências. Simplificando, são os pais quintessenciais "porque eu o disse". Os pais autoritários usam uma disciplina severa e punições duras, e tentarão controlar o comportamento através da manipulação, coerção e métodos dominadores. Para muitos, isto pode parecer um pai decente, mas os filhos destes pais tendem a ser infelizes, menos independentes e mais inseguros, e tendem a fazer mais birras, terem mais problemas de comportamento e piores capacidades de lidar com a situação.

A parentalidade autoritária pode parecer boa e pode até fazer algum bem aos filhos a curto prazo, mas para muitas crianças, os resultados são desastrosos. Podem ter crescido para "respeitar" os mais velhos, mas tal como as mulheres foram cidadãos de segunda classe ad eternum e encontraram o seu caminho para votar, trabalhar, etc., as crianças também foram olhadas como cidadãos de segunda classe e estão agora a ganhar os mesmos direitos à dignidade humana básica (o que, eu argumentaria, não acontece quando se tem uma parentalidade autoritária).

Em muitas famílias, esta mudança é dramática e assustadora, e não vos censuro por se sentirem confusos e incomodados com ela. Mas saibam isto: A cultura parental está a caminhar para um maior respeito por todos, enquanto continua a preocupar-se e a reverenciar os nossos anciãos. Ambas podem ser verdadeiras. E desta forma, a necessária humildade e desrespeito dos jovens pode ser substituída por gentileza, limites claros e compaixão.

Convido-vos a verem este recuo como uma oportunidade para se envolverem com os mais jovens. Podem certamente desafiar-nos no tom e na linguagem, mas sintam-se curiosos em vez de insultados, e vejam o que podem aprender com eles. Esse tipo de comportamento irá conquistar o respeito que acreditamos merecer.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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