Três pianistas celebram juntos o Dia Mundial do Piano em Lisboa

José Tornada (Portugal), Will Samson (Reino Unido) e Daniel Knox (EUA) juntam-se a convite da agência Pinuts esta quarta-feira no BOTA, aos Anjos, para celebrar o Piano Day. Às 21h30.

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José Tornada é um dos pianistas presentes DR

Um português, um inglês e um americano, pianistas com obra gravada e a morarem em Portugal, juntam-se esta quarta-feira no espaço cultural BOTA, aos Anjos, para celebrarem num concerto a três “vozes” o Dia Mundial do Piano. A iniciativa foi da agência Pinuts, que já em anos anteriores quis assinalar tal data desafiando pianistas a tocarem ao vivo ou, no tempo da pandemia, a partir de suas casas ou estúdios, em streaming. E se em 2022 a festa ocorreu em Lisboa e Coimbra, com os pianistas Tiago Sousa, JP Coimbra e Bruno Bavota, este ano faz-se só em Lisboa, com José Tornada (Portugal), Will Samson (Reino Unido) e Daniel Knox (EUA), todos eles com álbuns recentes: Love Hope Desire and Fear, de José Tornada (2022), Active Imagination, de Will Samson (2022) e Won’t You Take Me With You, de Daniel Knox (2021).

Luís Bandeira, da agência Pinuts, explica que a reunião destes pianistas obedeceu sobretudo a questões de gosto pessoal: “A escolha não teve directamente a ver com a agência, até porque conta com artistas que não são da Pinuts [caso de José Tornada]. Foi uma questão de gosto pessoal, reunindo também artistas, como o Will Samson e o Daniel Knox, que fazem talvez uma música um pouco mais pop mas tendo sempre por base o piano. O Tornada é um artista muito mais instrumental, mas é, de todos os novos pianistas compositores portugueses, aquele que em termos de som me atrai mais – e foi isso que me levou a convidá-lo para integrar o Piano Day.”

O Dia Mundial do Piano, ou Piano Day, começou a ser celebrado em 2015, agregando desde então muitos músicos, editores e produtores. A primeira edição se deve a um jovem músico, compositor e produtor musical alemão, de Berlim, Nils Frahm. De entre os “dias mundiais” que anualmente se celebram, alguns associados a áreas musicais (Música, Jazz, Voz, Rock, etc.) Nils Frahm descobriu que não havia nenhum dedicado ao piano. E resolveu escolher o octogésimo oitavo dia de cada ano, por serem 88 as teclas do instrumento. Nos anos bissextos (2016 e 2020) celebrou-se a 28 de Março e nos restantes (2015, 2017, 2018, 2019, 2021, 2022) no dia 29.

Em 2023, é de novo a 29 de Março que recai a celebração. E, no caso português, ocorre num local que, segundo Luís Bandeira, proporciona uma maior proximidade entre músicos e público: “O BOTA é grande, mas não muito grande. Como não há palco, e os artistas estão ao nível do público, tenho a certeza de que isso vai fazer com que haja uma sinergia muito grande entre o público e o artista e que, no final dos concertos [cada um tocará durante cerca de 30 minutos], apesar de ser um dia de semana, creio que vamos sair de lá umas horas depois. Porque, como estão perto do artista, as pessoas vão sentir que fazem parte do espectáculo e vão querer saber como surgir aquela ideia, aquele som, como é que foi explorado. Vai ser muito interessante. Terão lá também os discos, CD, vinis, e vai haver essa comunhão, de certeza absoluta.”

Das experiências anteriores, semelhantes às que decorrem em vários países, Luís Bandeira diz que a reacção do público português “tem sido um pouco lenta”: “De há uns anos para cá, talvez desde 2017, tem havido um acréscimo de interesse pela chamada música clássica moderna, ou o que queiram chamar-lhe, e não é por acaso que grandes expoentes desse género musical vêm cá e enchem salas grandes, como o Ólafur Arnalds ou o Nils Frahm. Mas quando estamos a falar de artistas que estão no começo ou nos primeiros anos de carreira, essa adesão tem sido mais lenta. É interessante haver artistas, como a polaca Hania Rani, que já veio a Portugal cinco ou seis vezes e a cada vez que ela volta o público aumenta, com cada vez mais seguidores portugueses nas redes sociais.”

Apesar disso, Luís Bandeira diz, por experiência própria, que “a maioria das pessoas que assistem a estes concertos são estrangeiros residentes em Portugal, o que é curioso. O público português está a abrir-se devagarinho a este tipo de música, há pessoas que vejo em três ou quatro concertos, mas quando vamos a salas como o CCB, por exemplo, uns 60 por cento do público que lá está, neste tipo de concertos, é estrangeiro. E isto ainda acontece muito.”

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