Telecomunicações registam em Fevereiro maior subida mensal em 27 anos

Preços em Portugal subiram 4,8% em Fevereiro e acentuaram “a divergência” face à União Europeia, diz o regulador.

Foto
O presidente da Anacom, João Cadete de Matos LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Desde Janeiro de 1996 que os preços dos serviços de telecomunicações não registavam uma subida mensal tão elevada quanto os 4,8% verificados em Fevereiro passado.

De acordo com a entidade reguladora das comunicações, a Anacom, os preços medidos através do respectivo grupo do Índice de Preços do Consumidor (IPC) conheceram no mês passado o maior aumento em 27 anos.

Face a Fevereiro de 2022, os preços aumentaram 3,9%, que é, segundo refere a Anacom num comunicado divulgado nesta quinta-feira, a maior variação positiva desde Dezembro de 2016.

Fevereiro foi o mês escolhido pela Meo e pela Nos para fazer reflectir um aumento médio dos serviços de 7,8%, em linha com a inflação registada em 2022. A Vodafone actualizou os preços na mesma medida, mas a 1 de Março, enquanto a Nowo manteve os preços.

O aumento do custo dos materiais para o desenvolvimento das redes e a subida dos preços da energia foram algumas das razões invocadas para os aumentos.

Na nota divulgada esta manhã, a entidade presidida por João Cadete de Matos refere que, olhando apenas para os aumentos ocorridos este ano, ou seja, nos meses de Janeiro e Fevereiro, Portugal foi o país da União Europeia (UE) com maior aumento, de 5,1%.

Nos últimos doze meses, a subida média dos preços em Portugal foi de 1,7%, enquanto na União Europeia o aumento foi de 0,1%. Assim, “Portugal registou a 10.ª variação de preços mais elevada entre os países da UE”, numa lista encabeçada pela Polónia (+4,9%). Em sentido contrário, os Países Baixos registaram a maior descida de preços (-3,9%).

Notando que, entre o final de 2009 e Fevereiro de 2023, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 13,2%, enquanto na UE diminuíram 8,8%, a Anacom salienta ainda que, “com os aumentos de preços registados em Fevereiro, acentuou-se a divergência na evolução dos preços” entre Portugal e UE, que “atingiu 22 pontos percentuais em termos acumulados”.

São números que o regulador entende que confirmam “o défice concorrencial existente no mercado, potenciado pelo regime de fidelizações em Portugal, que não tem conduzido a preços baixos”.

A Anacom defende ainda que “Portugal não é apenas um dos países da UE em que os preços mais têm aumentado”, é igualmente “um dos países nos quais se paga mais pelos serviços”.

Recorrendo ao estudo de comparações internacionais de preços publicado pela Rewheel, Digital Fuel Monitor, o regulador refere que no início deste ano, o “preço mediano por gigabyte das ofertas de Internet no telemóvel em Portugal era o 2.º mais elevado a nível da UE e o 4.º mais elevado entre os 50 países analisados”.

A mesma análise concluiu ainda que “Portugal foi o 5.º país da UE e o 13.º entre os 50 países analisados onde 25 euros compravam menos tráfego de internet no telemóvel”.

Na mesma linha, a comparação da Rewheel constatou que “Portugal é o 4.º país da UE e o 10.º dos 50 países considerados com o preço mensal mínimo mais elevado das ofertas com Internet no telemóvel com pelo menos 100 GB”.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários