Má saúde oral relacionada com 23 doenças e cinco tipos de cancros

Estudo combina informação científica produzida a nível mundial, reforçando a importância que a saúde oral tem para a saúde em geral.

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A saúde oral é importante para a saúde global de uma pessoa Rui Gaudêncio

Uma má saúde oral está directamente relacionada com 23 doenças sistémicas, entre as quais diabetes, obesidade e asma, e cinco tipos de cancro, revela uma investigação divulgada esta segunda-feira, Dia Mundial da Saúde Oral.

A conclusão faz parte de um estudo – "Uma revisão global da evidência que relaciona a saúde oral e as doenças sistémicas não transmissíveis" –, publicado na revista Nature Communications pelo centro de investigação da Egas Moniz School of Health and Science (Instituto Universitário Egas Moniz), no Monte da Caparica, Almada.

Uma saúde oral comprometida está directamente relacionada com 23 doenças sistémicas e cinco tipos de cancro, nomeadamente o do pulmão, do pâncreas, da mama, da próstata, e da cabeça e do pescoço, conclui o artigo.

Entre as doenças que podem surgir em pacientes que tenham uma má saúde oral surgem a diabetes, doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, reumáticas, inflamatória intestinal, e ainda, obesidade e asma, refere a instituição em comunicado.

"Esta é a primeira investigação que, combinando toda a informação científica produzida mundialmente, demonstra existir associação entre a saúde oral e 28 patologias distintas, reforçando a importância que esta tem para a saúde em geral e justificando porque deve ser parte integrante do acompanhamento clínico", salienta.

Segundo o investigador João Botelho, do Centro para a Investigação Interdisciplinar do Instituto Universitário Egas Moniz, os resultados deste estudo coincidem com o Relatório Global de Saúde Oral de 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta para "a urgente necessidade de se incorporar definitivamente, não só cuidados de saúde oral, mas também a educação para a mesma nos sistemas de saúde".

"Neste sentido, tendo por base a nossa investigação, pretendemos não só confirmar a correlação entre a saúde oral e outras patologias, mas também reforçar a importância do papel da medicina dentária como garantia da saúde em geral e da aposta na prevenção como complemento ao cuidado e tratamento", sublinha João Botelho.

Cuidados de saúde oral para todos

Para o investigador, esta questão é de "extrema importância" quando se verifica que "os cuidados de saúde oral, mesmo os básicos, não são acessíveis a todos".

Segundo o Relatório Global da Saúde Oral da OMS, as doenças que afectam a cavidade oral são as mais comuns, afectando metade da população mundial.

Neste sentido, esta investigação reforça a necessidade de prevenção de doenças sistémicas com impacto na qualidade de vida dos doentes, e estima que o número de doenças associadas à saúde oral negligenciada possa aumentar, consoante o número de estudos realizados.

Os investigadores alertam também para a prevalência destas patologias em Portugal, que atinge valores elevados quando comparada a outros países europeus. Defendem ainda que medidas preventivas em saúde oral têm impacto económico, dando como exemplo que, só em 2018, a periodontite, doença que afecta as gengivas, causou uma perda económica na União Europeia estimada em 159 mil milhões de euros.

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