Ex-Presidente do Peru nega ter cometido qualquer crime

A partir da prisão, Pedro Castillo disse estar preso há três meses “injustamente” e acusou o Congresso que o destituiu de “não servir o país” e de ser corrupto.

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Pedro Castillo no momento em que foi detido, a 7 de Dezembro de 2022 EPA/Renato Pajuelo

Três meses depois de ter sido destituído e preso, o ex-Presidente peruano, Pedro Castillo, falou publicamente a partir da prisão para reiterar a sua inocência e a tese de que está a ser perseguido pelos seus inimigos políticos.

Castillo compareceu na terça-feira a uma audiência virtual do Ministério Público em que foi avaliada a extensão da sua prisão preventiva por mais 36 meses, explicou o El País. Ao lado do seu advogado, o ex-chefe de Estado lamentou estar perto de chegar aos cem dias de estar “preso injustamente”.

“O único crime que cometi foi o de servir o meu país como Presidente da República”, declarou Castillo, denunciando uma conspiração contra si que definiu como “um castelo de delitos com colaboradores comprados”.

No início de Dezembro, Castillo decidiu dissolver o Congresso, que se preparava para votar uma nova proposta de destituição, e governar por decreto até à eleição de novos deputados. A decisão surpreendeu até os aliados mais próximos do Presidente eleito em 2021 e, em poucas horas, o Congresso votou a destituição do antigo professor primário e a polícia deteve-o sob acusação de rebelião, quando tentava procurar refúgio na embaixada do México.

Desde então, os apoiantes de Castillo têm organizado protestos quase diários, sobretudo no Sul do Peru, uma região mais pobre onde a população olhava para o ex-Presidente como alguém que poderia combater a desigualdade e o racismo no país. As principais exigências são a demissão da Presidente interina Dina Boluarte e a marcação imediata de eleições gerais.

Porém, o Congresso antecipou as eleições para Abril de 2024, uma data considerada demasiado longínqua para a generalidade dos manifestantes, e não há entendimento entre os deputados para uma nova data.

Nas suas declarações, Castillo, que está há três meses preso na penitenciária de Barbadillo, onde também cumpre pena o antigo ditador Alberto Fujimori, concentrou grande parte das suas críticas no Congresso, que acusou de “não servir o país”. “Quando o Presidente da República, com o seu Conselho de Ministros, vai pedir um orçamento para o país, primeiro pedem-lhe 500 milhões de soles para dividirem entre as suas bancadas”, acusou o ex-chefe de Estado.

Desde Dezembro, as manifestações dos apoiantes de Castillo têm sido reprimidas com extrema violência por parte das forças policiais. Pelo menos 60 pessoas morreram durante os protestos e mais de 600 ficaram feridas. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou a actuação violenta das autoridades na repressão dos protestos e pediu explicações ao Governo de Lima.

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