Titãs renascem ao vivo no Brasil e também em Portugal, em Novembro

Reunindo a sua formação clássica, com sete elementos em palco, os Titãs começam uma digressão pelo Brasil em Abril e actuarão em Lisboa em Novembro, num concerto único na Altice Arena.

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Os Titãs reunidos em 2023: em cima, da esquerda para a direita, Arnaldo Antunes, Nando Reis, Branco Mello, Sérgio Britto, Charles Gavin; à frente, Tony Bellotto e Paulo Miklos DR

Nasceram como octeto e têm sobrevivido como trio. Mas este ano decidiram voltar aos palcos, em estádios, com sete dos seus membros fundadores (ou quase). São os Titãs, banda mítica nascida em São Paulo e associada à vaga pop-rock brasileira dos anos 1980, e a sua digressão, celebrando 40 anos de carreira em vários palcos do Brasil, passará por Portugal. Encontro, Todos ao mesmo tempo agora, terá uma apresentação única na Altice Arena, em Lisboa, no dia 3 de Novembro.

Quando subiram a um palco pela primeira vez, em Agosto de 1982, eram oito e tinham pela frente um público de… 30 pessoas. Chamavam-se, então, Titãs do Iê-Iê, e os seus membros vinham de vários grupos da época (Trio Mamão, Sossega Leão, Aguilar & Banda Performática, etc.). A história, conta-a pormenorizadamente Arthur Dapieve no seu livro BRock, o Rock Brasileiro dos Anos 80 (Editora 34, 1995) e, nessa altura, os Titãs do Iê-Iê eram formados por Arnaldo Antunes, Branco Mello, Ciro Pessoa, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Belloto.

Embora surgissem envolvidos na vaga do BRock, não se reviam nele como a sua maior influência, a crer no que Arnaldo Antunes disse a Dapieve, quando este ultimava o livro: “Tinha muita coisa diferente acontecendo. Nunca vi o rock nacional como um movimento. Sempre vi como uma possibilidade de coisas diferentes se manifestarem na área que a gente chama de rock’n’roll.” O futuro dar-lhe-ia razão, já que os Titãs (que rapidamente deixaram cair o Iê-Iê do nome) vogaram também pelo pop, o punk, a new wave, o grunge, a MPB e a música electrónica.

Até chegarem a um trio de três B (Branco, Britto e Bellotto), os Titãs passaram por alterações várias: logo em Outubro passaram a noneto, com o pernambucano André Jung a assegurar a bateria, voltando a octeto com a saída de Ciro Pessoa, que deixou o grupo antes da publicação do primeiro álbum, Titãs (1984). Depois, em 1985, Jung foi substituído por Charles Gavin, que viria a sair do grupo em 2010, substituído por Mario Fabre. Até hoje, entre membros e ex-membros, os Titãs já tiveram duas baixas: o guitarrista Marcelo Fromer, que morreu atropelado por uma mota, na noite de 11 de Junho de 2001 (a actual digressão vai homenageá-lo, com a participação da sua filha, a cantora Alice Fromer); e Ciro Pessoa, vítima de covid-19, em 5 de Maio de 2020.

Dos restantes, pelo menos dois são já bem conhecidos do público português: Arnaldo Antunes, que a solo ou nos Tribalistas tem sido assíduo nos palcos nacionais; e Nando Reis, que depois de ter actuado em Lisboa e Porto junto com Gal Costa e Gilberto Gil no projecto Trinca de Ases, em Março de 2018, regressou em Abril de 2019 com um espectáculo em solo absoluto. Integram ambos a formação dos Titãs que se apresenta ao vivo no Brasil e em Portugal, ao lado de Branco Mello, Charles Gavin, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto. Um septeto histórico.

Desde a edição de Titãs, em 1984, o grupo já lançou mais 16 álbuns: Televisão (1985), Cabeça Dinossauro (1986), Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987), Õ Blésq Blom (1989), Tudo ao Mesmo Tempo Agora (1991, título que foi glosado no da actual digressão), Titanomaquia (1993), Domingo (1993), Volume Dois (1998), As Dez Mais (1999), A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana (2001), Como Estão Vocês? (2003), Sacos Plásticos (2009), Nheengatu (2014, este com o baterista Mario Fabre), Doze Flores Amarelas (2018, com Beto Lee, filho de Rita Lee), Titãs Trio Acústico (2021) e, por último, Olho Furta-cor (2022). Destes discos, ficaram para a história canções como Sonífera Ilha, Homem primata, Epitáfio, Enquanto houver Sol, Família, Cabeça dinossauro, Marvin, O Pulso, Comida, Flores, Polícia, Desordem, Porque eu sei que é amor, Os cegos do castelo, Bichos escrotos, Amanhã não se sabe e tantas outras.

O regresso do grupo aos palcos, com a sua formação clássica mais duradora, foi anunciado no ano passado, numa conferência de imprensa em São Paulo, no dia 16 de Novembro de 2022. Mas a extensão desse “renascimento” a Portugal só recentemente foi conhecida. Em Novembro, tinham sido anunciadas só dez datas no Brasil: Rio de Janeiro (28/4), Belo Horizonte (29/4), Florianópolis (5/5), Porto Alegre (6/5), Salvador da Bahia (27/5), Recife (2/6), Fortaleza (3/6), Brasília (7/6), Curitiba (10/6) e São Paulo (17/6). Mas os 50 mil bilhetes para São Paulo esgotaram-se em apenas duas horas e a digressão, segundo os promotores do espectáculo, alargou-se já a “19 arenas brasileiras, num alcance de 500 mil pessoas em mais de 20 datas anunciadas até ao momento”.

Em Novembro do ano passado, durante a conferência de imprensa em São Paulo (e de acordo com o portal Terra, que dela deu notícia), Arnaldo Antunes prometeu: “A gente vai se divertir. Tem mais anos de amizade do que de banda. Eu fiquei 10 anos, mas sempre que nos reencontramos foi regado a muita risada. Aprendemos tudo juntos. Vamos celebrar esse reencontro.”

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