Túnel de drenagem: serão feitas mais prospecções para garantir segurança em Campolide

Laboratório Nacional de Engenharia Civil diz que os riscos são mínimos, mas fará nova análise à estabilidade dos terrenos sob condomínio. Tuneladora dá garantias de segurança, asseguram.

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LNEC farás novas prospecções e acompanhará realização da obra Rui Gaudencio

Não haverá razões para qualquer preocupação, mas, ainda assim, serão feitas prospecções geológicas adicionais aos terrenos onde o Túnel de Drenagem do Monsanto Santa Apolónia (TDMSA) passará sob o condomínio Nova Campolide. As garantias adicionais de segurança relativas à principal obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) foram deixadas, na manhã desta quinta-feira, por representantes da direcção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), ouvidos no âmbito de uma comissão da Assembleia Municipal de Lisboa. Em causa está uma petição dos moradores daquele empreendimento, exigindo alteração do traçado, por temerem riscos associados com a obra.

Dizendo compreender as razões dos residentes, a presidente da direcção do LNEC, Laura Caldeira, assegurou, porém, a total fiabilidade do projecto do TDMSA ao nível da segurança, tanto pelo traçado escolhido como pela técnica de escavação utilizada, com recurso a uma máquina tuneladora. Isto para além de o laboratório público ter validado também a eficiência das infra-estruturas hidráulicas a construir ao longo dos cinco quilómetros do túnel que atravessará o subsolo da cidade em direcção ao rio Tejo. E o acompanhamento manter-se-á durante os trabalhos de construção.

“Além de termos realizado um conjunto de sondagens geotécnicas, vamos também acompanhar a execução da obra, dando apoio às equipas envolvidas. E solucionaremos qualquer problema associado que possa surgir”, garantiu Laura Caldeira, quando questionada sobre as dúvidas relacionadas com a estabilidade dos terrenos sob o condomínio construído há pouco mais de duas décadas, que motivaram uma petição dos moradores pedindo a alteração do traçado do túnel.

O facto de o grande conjunto habitacional — composto por nove prédios onde vive mais de meio milhar de pessoas, em 265 fracções, e por 16 lojas — ter sido construído sobre galerias de uma antiga pedreira causa apreensão. E levou a que os residentes tenham decidido, adicionalmente à petição, preparar-se para avançar para os tribunais, caso o traçado não seja repensado. E uma das possibilidades é recorrer a uma providência cautelar para travar a obra. Isto apesar de os responsáveis pelo projecto terem já reiterado as garantias de segurança.

Sem fazer qualquer menção a tais questões, a presidente do LNEC asseverou, porém, aos deputados municipais da Comissão de Habitação e Desenvolvimento Local e Obras Municipais da assembleia municipal, não existirem razões para apreensão. “Fizemos trabalhos de prospecção e analisámos o traçado. O túnel encontra-se numa zona muito profunda e, com os dados disponíveis, podemos assumir que a execução do túnel não vai causar danos aos edifícios”, disse a responsável, assegurando que “não é necessário fazer desvios ao traçado”. “Não foi detectado nada inultrapassável. Por isso, manteve-se o traçado”, disse, assumindo não terem sido equacionadas alternativas.

Ainda assim, e para que não restem dúvidas, Laura Caldeira informou os deputados municipais de que “vai ser feito um conjunto de prospecções adicionais na fase da execução da obra, dando garantias adicionais de segurança”. A dirigente do LNEC explicou que tal procedimento visa acautelar eventuais alterações na estrutura geológica decorrentes do próprio processo de perfuração, nomeadamente os previsíveis movimentos de descompressão dos terrenos. Algo que, diz, “é perfeitamente ultrapassável, durante a execução da obra”.

Ainda assim, assume que não existem obras isentas de risco. “A única incerteza que poderia acontecer era que houvesse galerias, como as que foram detectadas quando foram construídos os prédios”, afirmou. Mas, pouco depois, tranquilizou os presentes. “Temos meios técnicos para ultrapassar as situações. Os riscos existem e têm que ser prevenidos para serem negligenciáveis”, afirmou.

A especialista assegura que o recurso à máquina tuneladora, em detrimento de outras técnicas de escavação subterrânea, é, em si mesmo, uma garantia de que as coisas vão correr bem. “A tuneladora é o processo mais fiável, uma vez que se consegue adaptar de modo a minimizar qualquer dano que possa surgir. Comparativamente a outros métodos existentes, é o mais seguro”, disse. Algo confirmado por João Serra, responsável pelo departamento de geotecnia do LNEC. “A tuneladora consegue abrir o terreno com o mínimo de compressão”, explicou.

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