Traçado do túnel do plano de drenagem evita túnel ferroviário do Rossio

Coordenador do Plano Geral de Drenagem de Lisboa critica dúvidas levantadas por moradores de Campolide. Diz não existir “risco zero”, mas assegura segurança da obra.

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Túnel ferroviário que liga o Rossio a Campolide RG RUI GAUDENCIO - PÚBLICO

A equipa de projectistas que desenvolveu o traçado do túnel de drenagem Monsanto-Santa Apolónia (TDMSA), infra-estrutura com mais de cinco quilómetros e peça central no Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), fez todos os estudos necessários para que as obras subterrâneas não pusessem em risco qualquer infra-estrutura. E chegou ao ponto de decidir evitar a passagem sob o túnel ferroviário do Rossio, afastando, assim, eventuais riscos decorrente do processo de escavação, apurou o PÚBLICO. O túnel do Rossio esteve encerrado entre Outubro de 2004 e Agosto de 2006, devido a problemas estruturais que necessitaram de uma reparação urgente.

Informação confirmada por José Silva Ferreira, coordenador do plano, que afasta dúvidas sobre as garantias de segurança associadas ao projecto. “O risco associado a trabalhos desta natureza é algo previsível, está perfeitamente quantificado em termos técnicos, porque foram feitos estudos prospectivos nesse sentido. Agora, não podemos é dizer de nenhuma obra que é completamente isenta de risco. Não há risco zero em nada...”, afirma o responsável máximo pela execução do projecto, criticando as dúvidas lançadas por um grupo de proprietários e residentes de um condomínio em Campolide sob o qual está previsto passar o troço inicial do TDMSA.

Os residentes e senhorios do empreendimento Nova Campolide que lançaram a petição exigem a alteração do traçado do túnel, por temerem vir a sofrer danos estruturais resultantes do processo de escavação realizado pela tuneladora. O documento, entregue na Assembleia Municipal de Lisboa, alerta para a “instabilidade geológica” associada à passagem de uma máquina perfuradora sob um complexo habitacional de grande volumetria — nove prédios, alguns com 14 pisos, incluindo 265 fracções habitacionais, 16 lojas e quatro pisos subterrâneos de estacionamento — cujas fundações assentam sobre antigas pedreiras.

Aludindo a incidentes graves ocorridos noutros países em processos de escavação de grande envergadura, também com recurso a tuneladoras — como na cidade de São Paulo (Brasil) e em Colónia (Alemanha) —, pedem o estudo urgente de traçados alternativos no caso do TDMSA, para que aqueles não se repitam em Campolide. Caso contrário, equacionam iniciar uma batalha legal para travar o traçado previsto, incluindo o recurso a uma providência cautelar. As opções serão discutidas numa reunião geral de condóminos, a realizar esta quinta-feira.

Essa contestação é criticada pelo coordenador do PGDL. “As questões levantadas não fazem qualquer sentido. Não posso comparar coisas de naturezas completamente distintas. Os acidentes de São Paulo e Colónia, aludidos na petição, aconteceram em obras de características técnicas diferentes”, afirma José Silva Ferreira, salientando que os riscos associados às obras do plano de drenagem de Lisboa foram devidamente avaliados através do plano de gestão de riscos, peça obrigatória associada ao projecto.

“O traçado escolhido é o mais adequado, porque corresponde ao que, ponderando todos os elementos disponíveis, se revela o mais adequado”, diz o responsável técnico pelo PGDL, salientando que o plano tem sido devidamente auditado. E acrescenta: “As escavações vão acontecer a mais de 30 metros de profundidade. É mais do que suficiente”.

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