Colisão de sonda da NASA com um asteróide foi um “sucesso total”

A sonda DART, da agência espacial NASA, embateu com um asteróide em 2022. Este foi o primeiro teste espacial de defesa planetária.

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Imagem obtida pela sonda DART, da NASA, a chegar ao asteróide NASA

A sonda DART, da NASA, colidiu com a pequena lua Dimorfos, que gira à volta do asteróide Dídimo, em Setembro de 2022, naquele que foi o primeiro teste planetário de defesa do planeta. Nessa colisão, foram lançados detritos para o espaço e conseguiu-se mudar a trajectória do objecto um pouco até mais do que tinha sido previsto.

Estes são os resultados revelados esta semana por cientistas no relatório mais detalhado da missão usada para mudar a trajectória do objecto celeste através do método chamado “deflexão de impacto cinético” – a demonstração de que um asteróide que cause danos na Terra pode ser deflectido (ou seja, desviado) através da colisão intencional de uma sonda.

“O teste da missão DART foi um sucesso total. Agora sabemos que temos uma técnica viável para potencialmente evitar o impacto de um asteróide se um dia precisarmos disso”, afirma Terik Daly, cientista planetário do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e um dos autores dos estudos da DART publicados agora pela revista Nature.

A sonda denominada Double Asteroid Redirection Test (DART) viajava a 14.000 milhas por hora e embateu a 26 de Setembro de 2022 num corpo celeste com cerca de 150 metros de diâmetro, a cerca de 11 milhões de quilómetros da Terra. O alvo desta missão foi um sistema composto pelo asteróide Dídimo, com 780 metros de diâmetro, e pela sua lua Dimorfos, que tem 160 metros de tamanho. Estão a cerca de 11,5 milhões de quilómetros de nós.

“Estávamos a tentar mudar o tempo que a Dimorfos orbitava o Dídimo com o embate”, assinala Cristina Thomas, cientista planetária da Universidade de Arizona do Norte, que liderou um dos estudos agora publicados. “O momento da colisão e o momento em que o material foi ejectado fizeram diminuir o tempo que o Dimorfos levava a orbitar Dídimos em 33 minutos.”

Antes do impacto da sonda, o período orbital era de 11 horas e 55 minutos. Agora é de 11 horas e 22 minutos. A estimativa anterior da NASA, anunciada em Outubro de 2022, era de que a mudança orbital era de 32 minutos. Ou seja, a missão foi além do esperado.

Os cientistas fizeram ainda um relato sobre como a colisão se desenrolou. “Primeiro, um dos painéis solares da sonda atingiu um grande rochedo perto do local do impacto. Depois, o segundo painel solar ainda raspou uma outra rocha. Por fim, uma caixa entre os dois painéis bateu entre esses dois rochedos.”

A investigação mostra ainda a localização precisa do impacto e do ângulo do impacto. “As pessoas podem pensar que a missão DART foi uma experiência muito simples e muito semelhante a um jogo de bilhar no espaço – uma sonda que bate num asteróide”, compara Cristina Thomas. “Contudo, asteróides são muito mais complexos do que uma rocha. Na verdade, muitos asteróides são uma espécie de pilha de entulho.”

A missão DART custou 330 milhões de dólares (312 milhões de euros) e demorou sete anos a ser desenvolvida. “Não conhecemos neste momento nenhum asteróide que represente uma ameaça para a Terra, mas queremos estar preparados para esse cenário”, nota Terik Daly. “Este teste foi semelhante ao teste de airbags de um carro. Num teste, certificamo-nos de que funcionam em vez de esperarmos por um acidente real.”

A missão ao sistema binário de Dimorfos e Dídimos ainda não terminou e pretende-se saber qual o cenário do impacto com mais pormenor. Para isso, será lançada em 2024 a missão Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA). Este veículo alcançará o sistema de Dídimo em 2026 e nele haverá participação portuguesa, através das empresas Efacec, GMV, Synopsis Planet, FHP e Tekever. Com diferentes papéis, participarão no sistema de navegação ou no instrumento que permitirá medir a distância da sonda Hera ao asteróide.

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