Morreu Linda Kasabian, a seguidora de Charles Manson que o pôs na prisão

Linda Kasabian era responsável por conduzir os carros que levavam os grupos aos locais que pretendiam assaltar. O seu testemunho foi considerado fulcral para a condenação da Família Manson.

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Linda Kasabian, a primeira da fila de baixo, tinha 73 anos DR

Linda Kasabian, uma seguidora de Charles Manson que serviu como testemunha principal da acusação no famoso julgamento da Família Manson em 1970, morreu aos 73 anos, informou o New York Times, citando uma notícia do Tacoma News Tribune. A causa da morte não foi divulgada.

Kasabian, que tinha na época dos crimes 20 anos, estava no exterior da casa de Roman Polanski, na noite de 9 de Agosto de 1969, quando membros da designada Família Manson protagonizaram um massacre que chocou o mundo: com tiros e facadas, mataram a actriz Sharon Tate, na altura grávida de oito meses, o cabeleireiro de celebridades Jay Sebring, a socialite Abigail Folger, o actor Wojciech Frykowski e o estudante Steven Parent, com apenas 18 anos.

No dia seguinte, a jovem voltou a estar na mesma posição quando o próprio Manson levou um grupo até à casa de Leno e Rosemary LaBianca. O que foi anunciado como um assalto transformou-se numa cena bizarra: o homem foi esfaqueado na sala, amarrado no chão, e o seu corpo exibia a palavra "War" (guerra) desenhada com uma faca; na mulher, assassinada no quarto do casal, foram contabilizadas 40 facadas. Depois, o grupo escreveu mensagens a sangue pelas paredes e ficou na casa a aproveitar as mordomias e a brincar com os cães durante alguns dias.

De início, os dois crimes não foram relacionados, mas uma das intervenientes dos assassinatos em casa do realizador polaco acabaria por resolver o mistério ao se gabar dos feitos a companheiras de cela, quando estava detida por crimes menores. Porém, o que foi determinante na condenação dos elementos da Família Manson foi o testemunho de Linda Kasabian, a quem os procuradores ofereceram imunidade.

Charles Manson foi condenado, em 1971, juntamente com quatro dos seus seguidores, Susan Atkins, Tex Watson, Patrícia Krenwinkel e Leslie van Houten. Os cinco foram sentenciados à pena de morte, mas acabaram por ver a sentença revista para prisão perpétua, depois de o Supremo Tribunal da Califórnia ter abolido a pena capital no estado em 1972. Tanto Manson como Atkins morreram durante o cumprimento de pena.

De boa aluna a marginal

Linda Kasabian nasceu a 21 de Junho de 1949, em Biddeford, Maine, EUA, no seio de uma família de classe média, tendo-se destacado na escola como boa aluna e uma excelente atleta. O seu percurso, porém, sofreu um revés quando os pais se divorciaram e a mãe, com quem ficou a residir, voltou a casar. "Eu não tinha tempo para ouvir os seus problemas. Muito do que aconteceu a Linda foi minha culpa", desabafou a mãe, na altura do julgamento.

Aos 16, fugiu de casa. O seu propósito, disse, era encontrar Deus, o que a levou a viver de comunidade em comunidade. Casou-se duas vezes e teve uma filha do segundo casamento. Foi na sequência desse segundo enlace que rumou a Los Angeles, onde viria a entrar em contacto com a Família Manson, que lhe foi apresentado como o paraíso na Terra. E Linda acreditou, até porque, explicou, via em Manson uma espécie de messias.

Pelo facto de ser uma das poucas a ter carta de condução, era Linda que conduzia os carros até aos assaltos que o grupo realizava nos bairros nobres da cidade, e foi nesse papel que interveio nos massacres Tate-LaBianca.

Depois do julgamento, Kasabian fez por desaparecer. Apenas em 2009, falou, numa entrevista a Larry King, por altura dos 40 anos dos crimes. No entanto, manteve o anonimato ao exigir que a sua imagem não fosse identificável.

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