45 Graus. Bruno Cardoso Reis: a revolução diplomática que lançou as sementes da União Europeia

O podcast 45 Graus é um dos parceiros da Rede PÚBLICO. Neste episódio, José Maria Pimentel conversa com Bruno Cardoso Reis

Nesta semana, no podcast 45 Graus, o convidado é Bruno Cardoso Reis, mestre em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em Estudos de História pela Universidade de Cambridge e doutorado na área de Relações Internacionais, em Estudos de Guerra, pelo King’s College de Londres. Actualmente é professor no ISCTE-IUL, onde coordena o doutoramento em História e Defesa, em parceria com a Academia Militar. Entre 2019-2022, foi assessor do ministro da Defesa Nacional. Tem investigado e leccionado sobre História Global, Estudos Europeus, Relações Internacionais, Estudos de Segurança, entre outros.

No dia 5 de Maio de 1950, Robert Schuman, então ministro dos negócios estrangeiros da França, fez uma das comunicações mais marcantes do século XX europeu, ao anunciar o plano francês para que as nações europeias passassem a gerir de forma partilhada os seus recursos de carvão e de aço. O plano era uma ideia da equipa para a política económica do governo francês, liderada por Jean Monnet, que veio a ser uma das principais figuras do projecto.

O “Plano Schuman”, como ficou conhecido, levaria mais tarde, a 19 de Março de 1951, à assinatura do Tratado de Paris e, com ele, à criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), composta por seis países da Europa ocidental: França, Alemanha Ocidental (RFA), Bélgica, Holanda, Luxemburgo (os membros do Benelux) e ainda a Itália. Mas a principal consequência da iniciativa do governo francês não foi económica, mas sim política: criar a aliança franco-germânica que tem estado desde então na base do sucesso do projecto europeu.

A proposta de Schuman e o estender de mão à Alemanha apanharam a maioria dos observadores de surpresa, porque marcaram uma viragem de 180º em relação à política externa que a França tinha seguido até então. Durante os anos do pós-guerra, o grande objectivo francês tinha sido resolver, de uma vez por todas, a eterna “questão alemã” – ou seja, impedir que o país vizinho pudesse reerguer-se e tornar-se agressivo uma vez mais. E para isso, na visão francesa, era necessário restringir ao máximo a reconstrução da Alemanha, a todos os níveis – político, económico e, sobretudo, militar. Ou seja, o poder político francês acreditava que a força da França dependia directamente da fraqueza da Alemanha.

Mas, de repente, tudo mudou. Schuman anuncia o plano, a RFA aceita e os EUA apoiam-no entusiasticamente, contribuindo decisivamente para a formação da CECA. Os únicos a estragar a festa foram os britânicos, que optaram desde o início por ficar fora das negociações. Como foi isto possível?

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Para compreender este tema tão fascinante quanto complexo, temos de perceber o ambiente que se vivia na Europa do pós-guerra, conhecer as prioridades de política externa e interna dos vários países envolvidos e ter ainda em conta o papel imprescindível da Guerra Fria no acelerar de todo o processo. Ou seja, é preciso, conhecer muito bem a história da Europa deste período em vários níveis. Bruno Cardoso Reis cumpre o caderno de encargos, trazendo um conhecimento enciclopédico sobre a história das relações internacionais, que nos ajuda a compreender as múltiplas dimensões deste período em que começou o processo que viria a dar origem à UE.


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