Sondagem: inflação e custo de vida identificados como os principais problemas do país

Inquérito feito pelo Cesop mostra um aumento das preocupações ligadas ao rendimento disponível, com reflexos nos hábitos de consumo.

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51% dos inquiridos dizem que o seu núcleo familiar aumentou a compra de produtos de marca própria Paulo Pimenta

A inflação e o custo de vida foram identificados como os principais problemas neste momento, de acordo com os resultados de uma sondagem feita pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop), da Universidade Católica, sobre o “estado do país e condições de vida”.

De acordo com a sondagem, feita para o PÚBLICO, RTP e Antena 1, 20% dos inquiridos responderam a esta pergunta aberta (não havia respostas definidas previamente) com a subida do custo de vida e a inflação, cinco pontos percentuais (p.p.) acima do universo que identificou o Governo/governação como sendo o principal problema nacional. Em terceiro lugar, ficou a corrupção, com 11%.

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Agregando todas as respostas ligadas ao rendimento disponível, como a questão dos salários e a da habitação, por exemplo, o Cesop nota que há uma subida face à sondagem feita em Julho do ano passado. “Em Julho de 2022, os problemas relacionados com o rendimento disponível representavam cerca de 24% e agora representam 36%”, adianta. Há também um crescimento na vertente política, uma vez que as respostas ligadas “à governação e a confiança nos políticos subiu de cerca de 14% para 30%”.

Para a esmagadora maioria dos inquiridos, 72%, o país está pior do que há um ano, um agravamento face aos 62% que responderam na mesma linha na sondagem realizada pelo Cesop há seis meses. Outros 17% responderam que o país está igual e 9% que está melhor (menos 2 p.p. face a Julho).

A subida do custo de vida, mesmo com o desemprego em níveis baixos, tem prejudicado a vida de muitas pessoas, com 25% dos inquiridos a darem nota de dificuldades em pagar “no prazo previamente estabelecido” despesas de alimentação e de saúde/medicamentos.

Já 21% revelaram dificuldades em pagar a renda ou prestação da casa, tendo o mesmo universo referido as contas de electricidade, água e/ou gás. As despesas com escola, creches, ATL, ou lares de idosos foram referenciadas por 17% dos inquiridos como tendo tido dificuldades no seu pagamento.

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Há dez anos, quando a troika de credores estava em Portugal e o desemprego estava em níveis elevados, o destaque ia para as dificuldades em pagar as contas de electricidade, água e/ou gás, com 26%, e a renda ou prestação da casa, com 23%. Outros 22% apontavam as despesas de alimentação.

Menos gastos com lazer

Na passada quinta-feira, a Comissão Europeia comunicou os dados do último Eurobarómetro, com o inquérito realizado em Janeiro e Fevereiro a dar nota de que os cidadãos da União Europeia vêem as questões ligadas à inflação/custo de vida como o problema mais importante com que a UE se defronta neste momento, com 32% das respostas (menos dois p.p. face ao inquérito do Verão passado), seguindo-se a situação internacional, com 28%, e o aprovisionamento energético, com 26%.

Apesar de ter baixado em Janeiro, a inflação na zona euro situou-se nos 8,6%, o mesmo valor que se registou em Portugal em termos harmonizados. De acordo com o Eurostat, o maior contributo para a inflação veio dos alimentos, álcool e tabaco, com 2,94 p.p., acima dos 2,17 p.p. da energia. Conforme noticiou o PÚBLICO este sábado, os preços dos alimentos estão a subir mais em Portugal do que na zona euro.

De acordo com a sondagem feita pelo Cesop, a conjuntura mais adversa levou a mudanças nos hábitos de consumo dos portugueses, com 51% dos inquiridos a darem nota de que o seu núcleo familiar aumentou a compra de produtos de marca própria dos supermercados e outros 59% a afirmarem que diminuíram os gastos com lazer (desde jantar fora a ir ao cinema ou concertos, até à subscrição de canais de televisão). Houve ainda 50% dos entrevistados a afirmar que tiveram de diminuir o valor do dinheiro que punham de parte como poupança.

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