Gelo marinho da Antárctida atinge mínimo histórico

É o segundo ano consecutivo que o gelo marinho da Antárctida fica abaixo dos dois milhões de quilómetros quadrados.

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Um pinguim-de-Adélia está parado num bloco de gelo a derreter-se no Leste da Antárctida Pauline Askin/Reuters

Depois do recorde obtido em 2022, há um novo registo mínimo da área de gelo marinho da Antárctida. A 13 de Fevereiro, há exactamente uma semana, o gelo marinho que rodeia aquele continente atingiu uma área mínima de 1,91 milhões de quilómetros quadrados, abaixo dos 1,92 milhões de quilómetros quadrados de 2022, de acordo com o Centro de Informação Nacional de Gelo e Neve (NSIDC, sigla em inglês), da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos.

O gelo marinho da Antárctida tem uma variação de área ao longo do ano tal como o gelo do Árctico. Entre Setembro e Março, quando o hemisfério Sul atravessa a sua Primavera e o seu Verão, parte do gelo marinho derrete-se, atingindo a área mínima ao longo da quinzena entre 18 de Fevereiro e três de Março.

Em 2022, a área mínima foi atingida a 25 de Fevereiro, quando o gelo reduziu-se a 1,92 milhões de quilómetros quadrados. Em comparação, o mínimo de gelo do Árctico em 2022 foi de 4,87 milhões de quilómetros.

Este ano, o recorde para o gelo marinho antárctico foi batido logo a 13 de Fevereiro, com 1,91 milhões de quilómetros, mas espera-se que a área mínima para este ano ainda diminua mais nestas semanas.

“Este ano é apenas o segundo ano em que a extensão do gelo marinho da Antárctida ficou abaixo dos dois milhões de quilómetros quadrados”, lê-se no site do NSIDC.

Desde meados de Dezembro último que a área de gelo tem estado abaixo da temporada de 2021-2022.

A causa para o grande derretimento do gelo deve-se a uma conjugação de eventos, explica o centro. Por um lado, os ventos vindos de Oeste que ocorrem àquelas latitudes foram mais fortes do que o normal. Por outro, um centro de baixas pressões localizado no Sul do oceano Pacífico, ao pé da região Oeste da Antárctida, foi mais forte do que o normal, trazendo ar quente para os dois lados da Península da Antárctida.

Desde a década de 1970 que são feitas medições da área do gelo marinho associado àquele continente. Apesar dos recordes destes dois últimos anos, há uma grande variabilidade das áreas mínimas. Quatro dos cinco anos onde a área de gelo anual mínima atingiu as maiores extensões ocorreram de 2008 para cá, com valores acima dos 3,5 milhões de quilómetros quadrados.

Apesar daquela variabilidade, “o grande declínio da extensão do gelo [observado] desde 2016 impulsionou a investigação para avaliar as causas potenciais da perda de gelo marinho no hemisfério do Sul e se está a haver uma [nova] tendência descendente significativa”, lê-se no site do NSIDC.

Gelo verde

Entretanto, o satélite Sentinela-2 do programa europeu Copérnico captou, a 16 de Fevereiro, imagens de gelo verde no mar de Ross, o mar mais ao Sul da Terra, situado no Sul do oceano Pacífico.

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As riscas verdes no meio do mar é o gelo tingido com a cor do fitoplâncton Sentinela-2/Copérnico/União Europeia

A cor deve-se a uma explosão de fitoplâncton à superfície daquele mar que tingiu o gelo de verde, de acordo com a informação do Copérnico. Este “fenómeno fora do comum” já tinha sido observado em 2017, também no final do Verão.

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