Ciclone de 1941: o temporal “bravo” que atirou pessoas para a morte

Há 82 anos, a fúria do vento espalhou destruição e mortes pelo país. Na Gralheira, em Viseu, morreram duas pessoas.

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Foi um dos temporais mais violentos de que há registo em Portugal. Era dia 15 de Fevereiro de 1941 quando o país foi assolado por uma tempestade de vento que interrompeu as comunicações, deixou estragos à sua passagem e gerou mais de uma centena de feridos e de mortes. Naquele dia, o “tempo já estava voltado”, conta Rosária, filha de um dos homens que morreu no ciclone na Gralheira, uma aldeia na serra de Montemuro que há 82 anos estava coberta de neve. Com a voz embargada, recorda o dia em que o vento lhe roubou o pai

Na mesma aldeia, Carlos Silvestre era uma criança quando passou o ciclone. Tinha quase sete anos e dormia na cama com o irmão quando ouviu o vento a levantar uma parte do telhado de colmo. O sopro do vento assustava-o, ouvia-o bater sem sossego nas janelas de casa. “Era uma ventania e fazia ali um ruído enorme, apesar de a casa ficar num sítio baixo e abrigado”, conta. “Sempre neve, sempre neve.” De seguida, ouviu os gritos dos vizinhos quando encontraram os dois homens que pereceram no vendaval.

Ainda que a memória se vá esmorecendo, há uma marca de granito na aldeia que não deixa que os mais novos se esqueçam do ciclone. Nos dias que se seguiram à tempestade de 1941, foi depositado um marco de pedra à saída da aldeia, perto do caminho por onde era suposto terem chegado os homens da Gralheira. Assim ficou cicatrizada a homenagem aos dois homens: “Lembrai-vos das vítimas do ciclone”, lê-se nas letras pintadas a preto que já esmorecem no granito. “Parecia o fim do mundo”, descreve Carlos Silvestre.