Descoberto novo anel no Sistema Solar, em torno do planeta-anão Quaoar

Além de Saturno, Júpiter, Urano e Neptuno, até agora só tinham sido descobertos anéis em redor do planeta-anão Haumea e do asteróide Chariklo.

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Ilustração do novo anel descoberto em torno do planeta-anão Quaoar Agência Espacial Europeia

Astrónomos descobriram um novo anel no Sistema Solar, em torno do planeta-anão Quaoar, que orbita o Sol para lá de Neptuno, revelou um estudo divulgado esta quarta-feira na edição digital da revista científica Nature.

O estudo concluiu que o anel denso de Quaoar é único, pois orbita muito mais longe do planeta do que os anéis em redor de Saturno. Contudo, o anel de Quaoar é mais pequeno que o sistema de anéis do planeta gigante gasoso.

A descoberta foi feita por uma equipa internacional de astrónomos, que usou uma câmara de alta velocidade "extremamente sensível" instalada no maior telescópio óptico do mundo, o Grande Telescópio das Canárias, em Espanha, e o satélite europeu Cheops (que tem na coordenação científica investigadores portugueses). As observações foram realizadas entre 2018 e 2021.

Quaoar, que tem aproximadamente metade do tamanho do planeta-anão Plutão, tem um anel muito pequeno e ténue para ser visto directamente numa imagem, pelo que os astrónomos só conseguiram fazer a descoberta ao observarem ocultações estelares, eventos que, no caso, ocorreram quando a luz de estrelas de fundo foi bloqueada por Quaoar enquanto o planeta orbitava o Sol.

Um desses eventos durou menos de um minuto, mas foi precedido e seguido por duas quebras de luz, indicativas de um anel em redor de Quaoar, refere em comunicado a Universidade de Sheffield, no Reino Unido, que participou na investigação e desenvolveu a câmara de alta velocidade HiPERCAM do Grande Telescópio das Canárias.

Os sistemas de anéis são relativamente raros no Sistema Solar: além dos planetas gigantes gasosos Saturno, Júpiter, Urano e Neptuno, apenas o planeta-anão Haumea e o asteróide Chariklo possuem anéis.

Todos os anéis densos conhecidos anteriormente estavam localizados perto o suficiente dos seus planetas, dentro do chamado "limite de Roche", onde as forças de maré impedem que materiais com densidades razoáveis se agreguem numa lua.

De acordo com o artigo da Nature, o anel está bem fora do limite de Roche do planeta-anão, a uma distância de mais de sete raios planetários, indicando que este limite nem sempre determina onde o material do anel pode sobreviver.

A questão que os cientistas agora colocam é porque o material do anel não se aglutinou numa pequena lua.

O planeta-anão Quaoar orbita o Sol a uma distância quase 44 vezes superior à que separa a estrela da Terra.

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