Palácio de São João Novo: Câmara do Porto e Governo ponderam reabilitação

Imóvel onde funcionou o antigo Museu de Etnologia do Porto está encerrado há 30 anos. “Conversações” entre autarquia e Ministério da Cultura para o reabilitar estão a decorrer.

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Palácio de São João Novo está encerrado há 30 anos Nelson Garrido

A Câmara do Porto adiantou esta terça-feira que tem desenvolvido "conversações" com o Ministério da Cultura com vista à reabilitação e "devolução" à cidade do Palácio de São João Novo, imóvel de interesse público encerrado há cerca de 30 anos.

"O município do Porto e o Ministério da Cultura têm desenvolvido conversações no sentido da reabilitação do Palácio de São João Novo e da sua devolução à cidade, após 30 anos de encerramento", afirmou, em resposta à agência Lusa, a Câmara do Porto.

Destacando que o imóvel, propriedade do Ministério da Cultura e antiga morada do Museu de História e Etnografia do Porto, é classificado como de interesse público, o município adianta que "uma renovada finalidade museológica, intimamente ligada à cidade e à memória do local, como é o caso do Museu do Porto, é uma visão partilhada pelas partes com entusiasmo".

"Este projecto, estruturante e de longo prazo, é subsequente à implementação do Museu do Porto no edifício da Alfândega, exigindo, porém, aprofundamento do diálogo, estudo e enquadramento de financiamento comunitário", acrescenta.

O Museu de Etnografia e História do Douro Litoral foi criado a 15 de Dezembro de 1945 no edifício do Palácio de São João Novo, um solar da primeira metade do século XVIII com uma fachada de decoração barroca, mas que teve de ser encerrado em 1987 devido a um incêndio, que provocou a perda da biblioteca e do arquivo e obrigou a que parte da colecção fosse transferida para a Casa da Reclusão Militar, hoje conhecida como Quartel de S. Brás.

O secular palácio foi arrendado para albergar o Museu de Etnografia e História do Douro Litoral, fundado pela Comissão de Etnografia e História do Douro Litoral e pela Junta de Província do Douro Litoral, e, segundo dados históricos citados pelo PCP, o grande impulsionador para a criação do museu foi o arqueólogo e etnógrafo portuense Pedro Vitorino.

À Lusa, a Câmara do Porto confirmou que houve uma "convergência de objectivos" e "um acordo de princípio para a radicação do núcleo central do Museu do Porto" com a entidade que gere o edifício da Alfândega do Porto.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, a 30 de Janeiro, o director do Museu da Cidade e das Bibliotecas Municipais, Jorge Sobrado, adiantou que o núcleo central do museu vai ficar na Alfândega do Porto.

"O edifício [da Alfândega] situa-se no coração do centro histórico classificado e constitui um património histórico e arquitectónico de excepcional relevância no contexto da cidade, dispondo de boas condições para fins museológicos, culturais e turísticos", refere a autarquia à Lusa.

De acordo com a câmara, o projecto será desenvolvido durante este ano e a implementação do núcleo central do Museu do Porto, bem como a sua abertura, está prevista para 2024.

Em 25 de Janeiro, a Câmara do Porto avançava que o actual Museu da Cidade do Porto passaria a designar-se Museu do Porto e que o museu, composto por 17 espaços, voltará "ao modelo tradicional" e assumirá "um discurso mais museológico" no futuro.

"Voltamos ao modelo tradicional. Pretendemos e assumimos, para o futuro, um discurso mais museológico", referiu o presidente da Câmara do Porto durante o Conselho Municipal de Cultura, que decorreu no Teatro Rivoli, de acordo com a publicação na página oficial da autarquia.

O Museu da Cidade do Porto é composto por 17 espaços, designados por estações, de natureza diversa, como espaços arqueológicos, reservatórios, espaços industriais, com jardins, quintas e parques, bibliotecas e o arquivo histórico.

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