Helicóptero da ONU atingido por disparos na República Democrática do Congo

Um capacete azul sul-africano foi morto e outro ficou gravemente ferido. ONU condena o “ataque cobarde” e Guterres pediu uma “investigação ao “acto hediondo”.

Foto
Um helicóptero das Nações Unidas na República Democrática do Congo Katrina Manson/REUTERS

Um helicóptero das Nações Unidas foi atingido por disparos quando sobrevoava o Leste da República Democrática do Congo, num ataque que foi condenado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Um capacete azul foi morto e outro ficou gravemente ferido no incidente.

As autoridades sul-africanas confirmaram o ataque contra o helicóptero Oryx, dizendo num comunicado que “um membro da tripulação foi morto e outro ferido, mas que conseguiu continuar a conduzir a aeronave até aterrar” em Goma.

O helicóptero tinha levantado da cidade de Beni em direcção a Goma, capital da província de Kivu Norte, quando se viu debaixo de fogo, numa zona onde os rebeldes do M23, maioritariamente tutsis e apoiados pelo Ruanda, estão em guerra com o Exército congolês. Ainda não se sabe quem disparou contra o helicóptero da ONU.

Bintou Keita, chefe da missão da ONU na R.D. Congo (Monusco), classificou o incidente, em comunicado citado pela AFP, como um “ataque cobarde contra uma aeronave com o símbolo das Nações Unidas”. Enquanto o secretário-geral da organização, António Guterres, pedia às autoridades congolesas que “investiguem este ataque hediondo e entreguem rapidamente os responsáveis à Justiça”.

O incidente de domingo aconteceu um dia depois de uma cimeira no Burundi entre vários chefes de Estado da África Oriental, incluindo os presidentes do Ruanda e da R.D. Congo, ter concluído com um pedido para “um cessar-fogo imediato de todas as partes” e a retirada dos grupos armados da região, incluindo os estrangeiros.

Desde Novembro de 2021 que o Movimento 23 de Março, também conhecido como Exército Revolucionário Congolês ou, simplesmente, M23, tem levado a cabo uma luta contra o Exército congolês alegando que o Governo de Kinshasa não cumpriu os acordos para a integração dos seus homens nas Forças Armadas.

O executivo de Félix Tshisekedi acusa o Ruanda de estar por trás dos ataques do M23, acusação corroborada por especialistas da ONU e de países ocidentais, mas o chefe de Estado ruandês, Paul Kagame, nega qualquer envolvimento no conflito. O conflito provocou um êxodo na região, com milhares de congoleses a refugiarem-se no Uganda ou a engrossarem as fileiras dos deslocados internos.

Sugerir correcção
Comentar