Há cada vez mais plástico descartável a ser produzido e a ir para o lixo

Relatório alerta para o aumento da produção de plástico de uso único a partir de matéria-prima virgem. Uso de material reciclado é “no máximo, uma actividade marginal”.

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Se não for reciclado, o plástico de uso único vai parar a aterros ou aos oceanos Ricardo Rojas

Entre 2019 e 2021 a poluição vinda do plástico descartável, que se usa uma vez e se deita fora, aumentou seis milhões de toneladas por ano, apesar de a regulação mundial estar mais apertada, avança uma nova investigação divulgada esta segunda-feira. Segundo o trabalho, os produtores de plástico estão a “progredir pouco” para lidar com o problema e aumentar a capacidade de reciclagem daquele material.

O plástico de uso único tornou-se numa das maiores ameaças ambientais, com grandes quantidades de lixo enterradas em aterros ou despejadas nos rios e nos oceanos sem serem previamente tratadas. O processo de manufactura do plástico é também uma grande fonte de emissões de gases causadores do efeito de estufa.

Mas apesar do crescimento ter desacelerado nos últimos anos, a produção de plásticos de uso único a partir de fontes “virgens” de combustíveis fósseis ainda está longe de ter alcançado o pico, e o uso de matéria-prima reciclada para a produção do plástico ainda é “no máximo, uma actividade marginal”, lê-se no relatório Índice de Produtores de Resíduos de Plástico, produzido pela organização australiana Fundação Minderoo.

“Não se iludam, a crise dos resíduos de plástico vai tornar-se significativamente pior antes de termos um declínio absoluto anual no consumo de plástico virgem para uso único”, avisa o relatório.

A empresa norte-americana Exxon Mobil estava no topo da lista das companhias petroquímicas que usam polímeros virgens para a produção de plástico de uso único, seguida pela chinesa Sinopec.

No entanto, a Sinopec é a líder na construção de novas instalações de produção para o período entre 2019 e 2027, aponta o relatório. A companhia planeia ter uma capacidade de produção anual de mais de cinco milhões de toneladas de plástico virgem. Já a Exxon Mobil, em segundo lugar, planeia uma capacidade de produção de cerca de quatro milhões de toneladas.

A Exxon Mobil não estava disponível para comentar estes resultados e também não foi possível contactar a Sinopec para um comentário.

A China liderou o crescimento rápido da produção de plástico a nível global nos últimos 15 anos. Apesar de o país ter banido, desde 2019, alguns produtos de plástico de uso único importantes, também foi responsável por metade dos 15 milhões de toneladas de nova capacidade de produção de plástico de uso único entre 2019 e 2021.

No ano passado, a China disse que ia aplicar cortes profundos na produção e uso de plástico descartável e ia banir alguns produtos. Estas medidas surgiam no contexto de um “plano de cinco anos” para lidar com a produção de plástico.

É esperado um abrandamento no crescimento da produção chinesa, mas o país ainda tem metade das 20 maiores companhias que planeiam aumentar a capacidade de produção de polímeros virgens até 2027, avança a Fundação Minderoo.

Cerca de 137 milhões de toneladas de plástico de uso único foram produzidas a partir de combustíveis fósseis em 2021, e espera-se um aumento de mais 17 milhões de toneladas até 2027, disseram os investigadores.

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