Cinco polícias acusados de homicídio de afro-americano nos EUA

Tyre Nichols morreu três dias depois de uma violenta operação de trânsito em Memphis. Polícias são acusados de homicídio em segundo grau, entre outros crimes.

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Demetrius Haley, Desmond Mills, Jr., Emmitt Martin III, Justin Smith e Tadarrius Bean estão já sob custódia Reuters/MPD

Cinco polícias de Memphis, nos Estados Unidos, foram acusados de homicídio em segundo grau pela morte de Tyre Nichols, um jovem afro-americano que morreu três dias após uma violenta operação de trânsito, de acordo com registos divulgados esta quinta-feira.

Os registos online do gabinete do xerife local mostram que os polícias Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Emmitt Martin III, Desmond Mills Jr. e Justin Smith, também eles afro-americanos, estão já sob custódia.

Todos os cinco são acusados de homicídio em segundo grau, agressão agravada, sequestro agravado, má conduta oficial e opressão oficial.

Homicídio em segundo grau é um crime punível com pena de prisão que pode variar entre 15 a 60 anos de acordo com a lei do Tennessee, estado onde Tyre Nichols foi morto.

Os cinco polícias foram considerados "directamente responsáveis pelo abuso físico de Tyre Nichols", de 29 anos, e foram demitidos na semana passada.

Contudo, o director da polícia de Memphis, Cerelyn Davis, indicou que outros agentes estão também sob investigação por violarem as normas do departamento.

O padrasto da vítima, Rodney Wells, disse à agência Associated Press que ele e a mãe de Nichols queriam que os polícias fossem acusados de homicídio em primeiro grau, mas "estão confortáveis" com as acusações interpostas.

“Existem outras acusações, então estou confortável com isso”, disse, mostrando satisfação com o facto de as autoridades terem agido rapidamente no caso.

O chefe da polícia de Memphis classificou as acções dos cinco polícias envolvidos na detenção violenta de Nichols de "hediondas, imprudentes e desumanas" e fez um apelo aos moradores da cidade para protestarem pacificamente quando o vídeo da detenção for divulgado ao público.

“Não se trata apenas de uma falha profissional. Esta é uma falha de humanidade básica em relação a outro indivíduo", disse o director da polícia em comunicado.

O vídeo da detenção de Nichols foi mostrado à família do jovem, mas não foi divulgado, embora as autoridades locais tenham prometido fazê-lo em breve.

Tyre Nichols morreu a 10 de Janeiro, após ter sido espancado na sequência de uma operação de trânsito por condução imprudente três dias antes, quando regressava a casa após ter estado num parque.

Um advogado da família disse que o vídeo mostra o jovem a ser espancado pelos polícias como se fosse uma “pinhata humana”. Nichols foi hospitalizado em estado crítico, mas não resistiu à brutalidade dos agentes.

“Mais uma vez, estamos a ter provas do que acontece com pessoas negras e não brancas em simples paragens de trânsito. Uma pessoa não deve ser morta por causa de uma simples paragem de trânsito”, disse o advogado.

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