Guterres diz que a queima de Alcorão na Suécia é “sinal de ódio religioso”

Secretário-geral das Nações Unidas diz que este tipo de acto “deve ser totalmente condenado” e é um “símbolo do crescente ódio contra as religiões”.

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António Guterres condenou a queima de um Alcorão, por um activista sueco de extrema-direita, em frente à embaixada turca EPA/MAXIM SHIPENKOV / POOL

A queima de um Alcorão no sábado em frente à embaixada turca em Estocolmo "é mais um símbolo do crescente ódio contra as religiões", disse esta segunda-feira o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

Guterres referia-se à queima pública, no sábado passado, de um Alcorão em frente à embaixada turca pelo activista de extrema-direita Rasmus Paludan, que também exibiu um desenho que ironizava a sexualidade do profeta Maomé.

No seu briefing diário à imprensa, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que Guterres considera que este tipo de acto "deve ser totalmente condenado", em linha com outras condenações que se registaram ao longo do fim-de-semana de países muçulmanos, mas também do próprio Governo sueco e da Comissão Europeia.

Guterres subscreveu as palavras expressas pelo alto representante para a Aliança das Civilizações, Miguel Ángel Moratinos, que no domingo condenou este acto de queimar o Alcorão e disse "tratar-se de uma expressão de ódio contra muçulmanos".

"É desrespeitoso e um insulto aos seguidores do Islão e não deve ser interpretado como um sinal de liberdade de expressão", disse Moratinos em comunicado.

A queima do Alcorão em Estocolmo gerou protestos do Governo turco – que ameaçou deixar de apoiar a adesão da Suécia à NATO e de outros países de maioria muçulmana, como Jordânia, Arábia Saudita, Kuwait e Marrocos.

Um polícia e sete manifestantes ficaram feridos esta segunda-feira em Bagdade durante uma manifestação organizada defronte da embaixada da Suécia na capital iraquiana para protestar contra a queima de um exemplar do Alcorão em Estocolmo.

Fonte do Ministério do Interior iraquiano, citada pela agência noticiosa France-Presse (AFP), adiantou que entre 400 a 500 manifestantes protestaram diante da missão diplomática da Suécia em Bagdade e tentaram entrar no edifício da embaixada, tendo sido impedidos pela polícia, o que desencadeou os confrontos.

Na vizinha Síria, em al-Bab, uma cidade do norte sob o controlo das forças turcas, algumas centenas de pessoas também se manifestaram pelos mesmos motivos, informou o correspondente da AFP.

Os manifestantes queimaram a bandeira sueca e entoaram palavras de ordem contra o país nórdico. A polícia sueca considerou, então, que a Constituição e as liberdades de manifestação e expressão na Suécia não justificavam a proibição desta manifestação em nome da ordem pública.

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