Atlântico, o novo supercomputador do IPMA vai melhorar resposta a emergências

Aparelho vai aumentar em 20 vezes a capacidade computacional do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e irá permitir uma reacção mais rápida em situações de emergência como incêndios e cheias.

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O supercomputador Atlântico vai melhorar a qualidade das previsões meteorológicas Adriano Miranda

Esta sexta-feira vai ser inaugurado um novo supercomputador do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O aparelho será capaz de correr os modelos meteorológicos com maior frequência, o que permitirá reagir com mais rapidez a fenómenos extremos, fornecendo informação detalhada no contexto de incêndios florestais e de cheias, adianta Miguel Miranda, geofísico e presidente do IPMA.

“Esperamos que durante o primeiro trimestre deste ano o sistema fique operacional”, diz Miguel Miranda ao PÚBLICO. O supercomputador, em inglês HPC (High Performance Computing), foi baptizado de Atlântico - Sistema de Modelação Oceano Atmosfera de Alta Resolução Espacial e Temporal, está montado na sede do instituto, em Lisboa. O sistema “irá permitir aumentar em mais de 20 vezes a capacidade computacional do IPMA”, adianta um comunicado daquele instituição.

O equipamento envolveu “um investimento superior a um milhão de euros”, avança ainda o comunicado. O financiamento veio do Plano de Recuperação e Resiliência.

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O supercomputador foi instalado na sede do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, em Lisboa IPMA

O novo supercomputador vai conseguir, para já, correr modelos meteorológicos quatro vezes por dia e, no futuro, oito vezes por dia. Até agora, o IPMA corria todos os modelos meteorológicos duas vezes por dia e parte dos modelos quatro vezes. Deste modo, o Atlântico vai trazer “uma melhoria em relação ao sistema que actualmente existe”, adianta o geofísico.

Além disso, o equipamento irá correr os modelos meteorológicos numa área geográfica maior. “Vamos ter uma área um pouco maior no Atlântico Nordeste”, refere Miguel Miranda. Isto permite ter “um único domínio com os Açores, a Madeira e as Canárias”.

O supercomputador vai integrar informação obtida pelos satélites e pelos radares, explica Miguel Miranda, e poderá produzir previsões com maior resolução, ou seja, a uma escala mais fina de um a dois quilómetros: “Será capaz de discriminar numa mesma cidade entre um bairro e outro. Vamos dar respostas mais rápidas e fidedignas.”

Tudo isto vai possibilitar uma resposta mais eficaz em situações de emergência, no caso de incêndios florestais e cheias, quando “a actualização dos modelos pode ser muito importante”, explica o geofísico. “O impacto será imediato, com benefícios na melhoria da qualidade das previsões dos modelos utilizados para a emissão de avisos meteorológicos, nas previsões para a meteorologia marítima, no suporte à meteorologia aeronáutica, nos índices meteorológicos de risco de incêndio”, enumera-se ainda no comunicado.

Dois novos radares para o Atlântico

Miguel Miranda adianta também que este avanço irá permitir a troca de informação mais detalhada com Espanha, já que Portugal passa a integrar a região das Canárias nas análises meteorológicas e as previsões feitas por Espanha também abarcam a região da Madeira.

Se tudo correr bem, o Atlântico vai ter até ao fim do ano mais duas fontes de dados vindas, justamente, do oceano Atlântico: dois radares, um na ilha das Flores, outro em São Miguel, que se juntam ao radar já existente na Terceira. O processo está ainda em adjudicação. “É uma reivindicação muito antiga das regiões [dos Açores] e do IPMA”, diz Miguel Miranda. “Vão cobrir uma zona muito longa do Atlântico Nordeste onde passam as tempestades subtropicais.”

Estes radares medem a velocidade dos ventos em duas direcções e a existência ou não de gotículas de água e de cristais de gelo. Desta forma, podem identificar a existência de processos de convecção severa e chuva iminente. “Os radares vão dar uma melhoria significativa nas previsões meteorológicas”, prevê o especialista.

Na inauguração do Atlântico vão estar presentes António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, e José Maria Costa, secretário de Estado do Mar.

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