Líder do Stop exige subida de 120 euros no salário dos profissionais de educação

André Pestana encabeçou marcha que fez desfilar dezenas de milhares de docentes neste sábado em Lisboa.

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O líder do Stop, André Pestana, durante a Marcha Nacional pela Escola Pública em Lisboa ANTONIO COTRIM/Lusa

O dirigente do Sindicato de Todos os Professores (Stop), André Pestana, exige que todos os profissionais de educação das escolas tenham um aumento mínimo de 120 euros nos seus salários. “Queremos este aumento mínimo para os assistentes operacionais, para os assistentes técnicos, para os técnicos superiores de educação e para os professores”, reivindicou perante um Terreiro do Paço quase cheio, num discurso que durou perto de uma hora.

Fazendo votos para que a greve que prossegue na próxima semana consiga encerrar ainda mais estabelecimentos de ensino do que até aqui, o dirigente sindical deixou um aviso ao ministro da Educação: se continuar a atacar o direito dos trabalhadores a organizarem as paralisações da forma que melhor entendem, o Stop irá unir-se a outros sectores, públicos mas também privados, para levar a cabo uma manifestação nacional ainda maior do que a deste sábado. Nas palavras de André Pestana, terá sido “a maior deste século”, reunindo “mais de cem mil pessoas”. As estimativas dos agentes da PSP que estiveram no terreno a acompanhar o protesto são bem mais modestas, apontando mesmo assim para 30 a 40 mil manifestantes.

Outra das reivindicações do líder do Stop é a de que as reuniões negociais dos sindicatos com o Ministério da Educação passem a ser transmitidas online, por forma a aumentar a sua transparência.

“O ministro João Costa veio falar em serviços mínimos a propósito desta greve. Em vez disso devia era falar num aumento mínimo de 120 euros para todos os profissionais de educação”, observou. “É impensável continuarmos a ter de viver com os nossos magros salários. Queremos viver com dignidade, sermos felizes agora!”, proclamou ainda, acrescentando que o equilíbrio orçamental que o Governo invoca para não satisfazer estas reivindicações já não é motivo da mesma preocupação, quando o erário público serve para pagar os prejuízos dos bancos ou dispendiosas indemnizações a gestores públicos – numa clara alusão ao que sucedeu na TAP. “Tenha vergonha!”, disse, dirigindo-se ao governante. “Esta greve é violenta? E os professores a viver em quartos minúsculos ou até em parques de campismo não é uma violência, senhor ministro?”, voltou a interpelar.

Para em seguida falar do seu próprio caso: “Como filho de professores, sei o que é ter estado tantas e tantas vezes a vê-los só ao fim-de-semana. E agora, como pai, também me acontece.”

E agora, ministro, oiça muito bem, prosseguiu. Se até 20 de Janeiro [data da próxima reunião negocial] não ceder significativamente às reivindicações de quem trabalha nas escolas, ou se o Governo atacar o direito à nossa greve, chamaremos todos os outros profissionais em luta para juntos nos defendermos. Afinal, recordou, os funcionários judiciais também já iniciaram uma paralisação parcial por tempo indeterminado. A união sindical, revelou André Pestana, pode vir a passar por uma megamanifestação nacional que reúna trabalhadores do sector público e do privado de diferentes áreas de actividade.

Este é um governo desesperado, analisou. Podem ter maioria absoluta no Parlamento. Mas nós temos as ruas.

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