Deputados dos EUA e Brasil condenam ataques contra a democracia nos dois países

Sete dezenas de legisladores norte-americanos e brasileiros denunciam “coordenação” entre equipas de Jair Bolsonaro e de Donald Trump para “reverter resultados eleitorais legítimos”.

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Invasão do Congresso brasileiro, a 8 de Janeiro de 2023 Reuters/GEORGE MARQUES
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Invasão do Capitólio dos EUA, a 6 de Janeiro de 2021 EPA/WILL OLIVER

Um grupo de 71 congressistas norte-americanos e deputados federais brasileiros, todos de uma ala progressista, uniram-se para denunciar e condenar "os esforços da extrema-direita autoritária para reverter resultados eleitorais legítimos e derrubar as democracias" nos Estados Unidos e no Brasil, numa referência directa às invasões do Capitólio, em Washington, e da Praça dos Três Poderes, em Brasília.

"Não é segredo para ninguém que os agitadores da extrema-direita estão a coordenar esforços no Brasil e nos Estados Unidos", lê-se num comunicado, noticiado em primeira mão pelo jornal britânico The Guardian, na noite de quarta-feira, e partilhado horas depois no site da congressista norte-americana Ilhan Omar, do Partido Democrata.

"Após a eleição de 30 de Outubro no Brasil, o congressista brasileiro Eduardo Bolsonaro encontrou-se com Donald Trump e com dois conselheiros do anterior Presidente dos Estados Unidos, Jason Miller e Steve Bannon, tendo sido encorajado a protestar contra os resultados eleitorais", dizem os congressistas e deputados dos dois países, numa referência a uma notícia publicada a 23 de Novembro pelo jornal Washington Post.

Nessa notícia, o Post deu conta de que as equipas de Bolsonaro e de Trump discutiram o que fazer após a eleição de Lula da Silva. Em particular, Bannon terá incitado o congressista brasileiro — e filho de Jair Bolsonaro — a contestar os resultados nos tribunais apesar da ausência de indícios fundamentados, à semelhança do que foi feito por Trump após a sua derrota na eleição presidencial de 2020 nos EUA.

"Pouco depois dessa reunião, o partido de Bolsonaro pediu a invalidação dos resultados", dizem os deputados dos dois países, entre os quais se destacam, no lado dos EUA, o senador Bernie Sanders e a congressista Alexandria Ocasio-Cortez.

Um dia depois da notícia do Post, a 24 de Novembro, soube-se que o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil multou o Partido Liberal brasileiro — pelo qual Jair Bolsonaro se candidatou na eleição presidencial — em quase 23 milhões de reais (mais de quatro milhões de euros) por ter contestado a vitória de Lula da Silva com argumentos "absolutamente falsos".

Entre Novembro e Dezembro de 2021, Trump e os seus apoiantes no Partido Republicano contestaram a eleição de Joe Biden em mais de 60 processos nos tribunais norte-americanos, incluindo o Supremo Tribunal dos EUA.

Nenhum dos juízes — entre os quais vários nomeados por Trump durante o seu mandato — validou as queixas de fraude eleitoral lançadas em público pelo então Presidente norte-americano.

"As democracias assentam na transferência pacífica de poder", conclui o comunicado promovido pela congressista norte-americana Ilhan Omar.

"Tal como a extrema-direita está a coordenar esforços para sabotar a democracia, nós temos de nos manter unidos nos nossos esforços para a proteger. Para salvarmos a democracia nos nossos dois países e no resto do mundo, pedimos a todos os responsáveis políticos, independentemente dos seus partidos, que se juntem ao nosso apelo."

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