McCarthy perde pela 11.ª vez, numa eleição ainda sem fim à vista

Situação ainda não se alterou e o candidato do Partido Republicano a líder da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, não tem votos suficientes para ser eleito speaker.

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Kevin McCarthy conta com a oposição de duas dezenas de republicanos Reuters/EVELYN HOCKSTEIN

A maioria do Partido Republicano na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos ainda não conseguiu eleger o seu candidato oficial, Kevin McCarthy, para o principal cargo de liderança. Numa repetição do que tem acontecido desde terça-feira, duas dezenas de republicanos da ala mais conservadora do partido opuseram-se novamente, na quinta-feira, à eleição de McCarthy, apesar de novas concessões feitas pelo congressista.

A única nota digna de registo nas votações que se realizaram na quinta-feira foi o anúncio de um voto em Donald Trump (em três rondas) por um dos líderes dos republicanos revoltosos, Matt Gaetz. Desde a primeira eleição, em 1789, a Câmara dos Representantes dos EUA nunca teve um presidente que não fosse também um congressista em exercício de funções, mas a Constituição norte-americana não impede que qualquer cidadão possa ser nomeado e eleito.

Com o falhanço de uma eleição à 11.ª votação, é preciso recuar mais de 200 anos, até 1821, para encontrar uma eleição mais longa. Nesse ano, Philip Barbour foi eleito à 12.ª tentativa. As barreiras seguintes são: 22 (1819), 44 (1859), 63 (1849), 133 (1855), todas antes da Guerra Civil de 1861/65.

Nas cinco rondas de quinta-feira, McCarthy não foi além dos 201 votos que tem recebido desde a quarta ronda, realizada na quarta-feira. Para ser eleito, terá de receber pelo menos 218 votos de entre os 435 congressistas dos dois partidos, ou então o apoio de uma maioria absoluta de congressistas presentes no momento da votação e que votem num qualquer candidato.

Numa situação normal, o candidato republicano seria eleito logo à primeira volta, com os votos dos 222 republicanos que foram eleitos para a Câmara dos Representantes nas eleições de Novembro; no lado do Partido Democrata, o candidato oficial – e único –, Hakeem Jeffries, voltou a receber os 212 votos possíveis da sua bancada.

McCarthy aceitou quase todas as condições impostas pelos seus opositores, numa derradeira tentativa de ser eleito speaker. Entre elas, a possibilidade da apresentação de uma moção de censura contra o speaker por apenas um congressista – uma regra que pode deixar McCarthy refém dos seus actuais opositores no caso de ser eleito para o cargo.

Mas as votações de quinta-feira mostram que as mais recentes negociações não provocaram qualquer mudança fundamental. O líder da bancada mais conservadora do Partido Republicano, o House Freedom Caucus, veio afastar qualquer hipótese de compromisso, queixando-se de fugas de informação para os media.

"Não existe nenhum acordo. Quando assistimos a quebras de confiança e a fugas de informação, torna-se ainda mais difícil", disse o congressista Scott Perry no Twitter. "Não me vergarei ao statu quo."

Se os opositores de McCarthy não recuarem, ou se o candidato não se afastar da corrida para que possa surgir uma alternativa, é possível que o processo se arraste por dias ou semanas. Qualquer alteração no método de eleição como a atribuição da vitória ao candidato que receber mais votos do que qualquer um dos outros tem de ser decidida por maioria na Câmara dos Representantes, sendo que isso, neste momento, daria a vitória ao candidato do Partido Democrata.

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