Zelensky e Putin dizem que 2023 será o “ano da vitória” em discursos de Ano Novo contrastantes

Zelensky discursou sobre os momentos mais dramáticos dos últimos meses, gratidão e dor. Putin falou de um dever de todos para com a Rússia, classificando a guerra como uma luta quase existencial.

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Imagens dos discursos de Ano Novo de Zelensky e Putin REUTERS

Os líderes da Ucrânia e da Rússia prometeram fazer de tudo para alcançar vitória na guerra na Ucrânia nos seus discursos de Ano Novo, mas enquanto Volodymyr Zelensky discursou sobre gratidão e dor, Vladimir Putin falou de um dever de todos os cidadãos para com a Rússia, classificando a guerra como uma luta quase existencial.

Relembrando alguns dos momentos mais dramáticos e vitórias dos últimos meses, Zelensky encheu a sua emocionante mensagem em vídeo de 17 minutos com imagens dos ataques da Rússia ao país e palavras de orgulho para com os ucranianos que resistiram aos ataques, à escuridão e ao frio.

"Disseram-nos: vocês não têm outra opção a não ser renderem-se. Nós dizemos: não temos outra opção a não ser vencer", disse o Presidente ucraniano, que vestia a habitual combinação de t-shirt e calças. O fundo do vídeo mostrava a bandeira ucraniana a esvoaçar. "Lutamos como uma equipa – o país inteiro, todas as nossas regiões. Admiro-vos a todos".

No seu discurso, Zelensky prometeu a devolução das terras que Moscovo disse ter anexado em Setembro. "É impossível esquecer. E é impossível perdoar. Mas é possível vencer”, afirmou. "Este ano atingiu os nossos corações. Choramos todas as lágrimas. Gritamos todas as orações. Lutamos e vamos continuar a lutar. Em nome da palavra-chave: vitória."

Ao listar os sucessos da Ucrânia, Zelensky referiu a explosão que provocou o colapso parcial da ponte Kerch, que liga o território russo à Crimeia, símbolo da anexação desta região por parte da Rússia.

Poucos minutos depois do discurso de Zelensky — divulgado pouco antes da meia-noite, horário de Kiev, na véspera de Ano Novo — várias explosões foram ouvidas na capital e em todo o país. Os ataques seguiram-se a uma enxurrada de mais de 20 mísseis de cruzeiro disparados contra a Ucrânia no sábado — e a muitos outros bombardeamentos e ataques nas semanas anteriores.

Putin quebra tradição

Putin, que quebrou a tradição ao divulgar a mensagem de Ano Novo rodeado pelas tropas em vez dos habituais muros do Kremlin, discursou de forma severa e combativa sobre 2022, o ano que "separou coragem e heroísmo de traição e covardia", segundo disse.

Putin agradeceu às tropas russas, mas também exigiu mais destas. "O mais importante é o destino da Rússia", disse Putin, que usou um fato escuro e uma gravata. "A defesa da pátria é nosso dever sagrado para com os nossos ancestrais e descendentes. A rectidão moral e histórica está do nosso lado."

Reiterando que o Ocidente pretende "destruir a Rússia", Putin prometeu que nunca o irá permitir e sinalizou, mais uma vez, que a guerra vai continuar. "Sempre soubemos e hoje estamos convencidos de que o futuro soberano, independente e seguro da Rússia depende apenas de nós, da nossa força e vontade", disse.

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