Inflação compromete obras para novas residências universitárias

Há empreitadas financiadas pelo PRR que correm o risco de não sair do papel.

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A construção de algumas residências universitárias poderá estar em risco Adriano Miranda

A inflação está a comprometer a construção ou reabilitação de residências universitárias, cujos projectos correm, nalguns casos, o risco de não saírem do papel, revela a edição desta quarta-feira do Jornal de Notícias.

Apesar de estarem consignados no Plano de Recuperação e Resiliência 447 milhões de euros para este fim, reitores e presidentes de politécnicos têm-se confrontado várias vezes com o facto de os concursos para as empreitadas terem ficado vazios, razão pela qual defendem a reprogramação financeira dos projectos.

"Há residências que tinham sido adjudicadas antes da subida da inflação e os construtores civis abandonaram-nas porque o preço contratualizado não dava", contou ao JN o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António de Sousa Pereira. Quando os projectos foram contratualizados, o montante máximo elegível para financiamento de construção de novas residências era de 27.500 euros por cama, na altura, já considerado baixo. Mas hoje, "com os efeitos da guerra, anda à volta dos 50 mil euros por cama".

E se algumas instituições de ensino superior conseguiram mobilizar fundos próprios para ultrapassar o problema, outras há que tiveram de recorrer a empréstimos do Banco Central Europeu. E outras ainda “pensam abandonar a concessão", revela o mesmo responsável. A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes dá o exemplo do Politécnico do Cávado e Ave, que dirige: "Lancei um concurso por 19 milhões de euros, financiado a nove milhões, que ficou deserto. Relancei por 24 milhões e já adjudiquei."

O presidente do Politécnico de Leiria, Carlos Rabadão, resolveu rever preços com os projectistas: "Ainda não lançámos nenhuma empreitada. A estimativa assusta-nos: está 30% a 40% acima do valor financiado". A solução passa por "utilizar materiais menos nobres, mas garantindo a qualidade" das obras destinadas às residências.

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