Costa pede mais tempo para responder às 12 perguntas do PSD sobre banca

O primeiro-ministro diz que a recolha de informação é de “alguma complexidade” e pediu mais tempo à Assembleia da República para responder às 12 perguntas do PSD.

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O primeiro-ministro pediu mais tempo aos serviços da Assembleia da República para responder às perguntas do PSD Nuno Ferreira Santos

O Governo pediu mais tempo para recolher a informação necessária para responder às perguntas enviadas em Novembro pela bancada parlamentar do PSD em relação ao envolvimento do primeiro-ministro, António Costa, para que fossem esclarecidas as declarações do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa, quer sobre a resolução do Banif, quer sobre o afastamento da empresária Isabel dos Santos do BIC. O líder da bancada do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, considerou que, com este pedido, o chefe de Governo “não está de consciência tranquila” sobre a sua actuação no Banco de Portugal e no Banif.

No documento ao qual o PÚBLICO teve acesso, lê-se que, “conforme informação proveniente do gabinete do senhor primeiro-ministro”, é requisitada a “prorrogação do prazo de resposta”, uma vez que está “ainda em curso a recolha de informação para resposta à mesma, que se reveste de alguma complexidade por reportar a acontecimentos ocorridos há mais de seis anos”.

O pedido de prorrogação do prazo de resposta foi feito ainda antes do Natal, a 23 de Dezembro, um mês depois de as perguntas do PSD darem entrada no Parlamento. O documento é dirigido ao presidente da Assembleia da República e assinado pelo gabinete da ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.

O que quer saber o PSD

No conjunto de perguntas dirigidas directamente a António Costa, o PSD afirma que é “da maior relevância que se faça um profundo apuramento das interacções entre o primeiro-ministro e do ex-governador”, afirmando ser “do interesse nacional” que António Costa preste “com a brevidade possível os devidos esclarecimentos”.

Em causa estão as declarações do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa, no livro O Governador, sobre alegadas intromissões políticas de António Costa no âmbito do afastamento da empresária angolana Isabel dos Santos do banco EuroBIC e na precipitação da resolução do banco Banif.

Cerca de um mês depois e sem respostas, o líder do PSD aproveitou o jantar de Natal do partido, a 21 de Dezembro, para acusar o primeiro-ministro de se comportar como “dono disto tudo”. “Eu quero perguntar: porquê, senhor primeiro-ministro? Então, afinal, não se passava nada, não tinha tudo falta de sustentação, não era tudo atentatório da honra? Então era fácil de responder, está na hora de responder. Não responde, porque é este o padrão deste Governo”, atirou Luís Montenegro.

Segundo as contas de Montenegro, são mais de 20 os governantes que o PS já impediu de prestar esclarecimentos no Parlamento. “Agora baldam-se ao esclarecimento. É um Governo que não merece a maioria que tem”, disse.

Costa “não está de consciência tranquila”, diz PSD

Em reacção a este pedido de António Costa, o líder parlamentar do PSD considerou que o primeiro-ministro “não está de consciência tranquila” quanto à sua actuação no Banco de Portugal e Banif.

“O Governo, que todas as semanas está enredado em casos e trapalhadas – e agora em mais uma situação grave com a secretária de Estado do Tesouro –, está de facto sem orientação, sem rumo. E o dr. António Costa mostra, com este adiamento, que não está de consciência tranquila relativamente ao que foi a sua actuação no que concerne ao Banco de Portugal e ao Banif”, afirmou à Lusa Joaquim Miranda Sarmento.

Miranda Sarmento realçou que António Costa “foi muito rápido a anunciar que ia colocar um processo ao antigo governador do Banco de Portugal e agora é muito lento a responder aos esclarecimentos que país e Assembleia da República exigem”.

“Foi o próprio dr. António Costa e o PS que disseram que a resposta seria rápida e esclarecedora. Rápida já não será. Esperamos que seja esclarecedora sobre as interferências do dr. António Costa junto do Banco de Portugal, quer relativamente a Isabel Santos, quer, mais grave, relativamente ao processo de venda e resolução do Banif”, acentuou, por outro lado.

Questionado se o PSD não considera válida a justificação apresentada pelo primeiro-ministro – estar ainda a decorrer a recolha de informação , o líder parlamentar do PSD salientou que António Costa tinha um prazo regimental de 30 dias e “todos os recursos do Governo e do seu gabinete” à disposição.

Questionado até quando está o PSD disponível para aguardar – o regimento do Parlamento não impõe novo prazo em casos de pedidos de prorrogação , Miranda Sarmento salientou que “há bom senso”, desejando que já não seja necessário aguardar muito mais.

“Mantemos o que dissemos desde o início: aguardamos pelas respostas para decidir que passo seguinte daremos e não abdicamos de nenhuma figura do regimento, mas primeiro queremos conhecer as respostas”, afirmou Miranda Sarmento, que, há cerca de um mês, não excluiu a possibilidade de o partido avançar para um inquérito parlamentar, se os esclarecimentos não forem suficientes.

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