Prendas, conservas, chave de casa e “a chatice” de Costa: o jantar de Natal do PSD

O PSD juntou deputados e funcionários do partido num jantar natalício na Assembleia da República, marcado por críticas à maioria socialista e ao “novo Dono Disto Tudo”, António Costa.

Foto
Luís Montenegro juntou o PSD num jantar natalício esta quarta-feira Ricardo Lopes

Deputados, membros do conselho nacional, líderes das distritais e funcionários sociais-democratas. O PSD juntou-se em força num jantar de Natal, na sala do Refeitório dos Frades, na Assembleia da República, numa noite encerrada com o discurso de Luís Montenegro, centrado na oposição ao PS, e em clima de união entre os sociais-democratas. E nas críticas a António Costa.

"Se o primeiro-ministro tem a mania do poder e que é o novo Dono Disto Tudo então vai mesmo ter de se habituar à nossa oposição", atirou o líder do PSD, numa alusão à entrevista do primeiro-ministro à revista Visão, na qual António Costa pede à oposição que se "habitue" à maioria absoluta e aos quatro anos que faltam para terminar a actual legislatura.

Perante uma sala cheia, Montenegro criticou os que estão sempre "excitadíssimos a querer saber quais as ideias do PSD", argumentando que o partido não tem falta de ideias, mas que o seu papel, agora, é "exigir ao Governo que cumpra o que prometeu", uma vez que "tem todas as condições". Não obstante, o líder social-democrata prometeu que o partido irá continuar a ser proactivo a antecipar-se ao PS, "como aconteceu com o programa de emergência social do PSD, com as propostas orçamentais para 2023 e com a revisão constitucional".

Montenegro criticou ainda o ritmo de crescimento do país e, alertando para os actuais níveis de empobrecimento, afirmou que não valia a pena os socialistas "acenarem com a pandemia e a guerra na Ucrânia, que atingiu todos os países da União Europeia".

Luís Montenegro acusou também o PS de não se deixar escrutinar e de já ter impedido a audição de 20 governantes. "O exemplo vem de cima", afirmou Montenegro, recordando as 12 perguntas enviadas a António Costa sobre a alegada intervenção do primeiro-ministro junto do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, acerca da eventual pressão para não retirar Isabel dos Santos da administração do banco BIC.

"Não respondeu porquê? Está na hora de responder! Não respondeu porque esse é o modus operandi do partido", atirou o líder social-democrata, acusando o PS de "arrogância e soberba".

"Mesmo quando estávamos sobre pressão máxima da troika éramos os primeiros a vir ao Parlamento. E às vezes a tomar a iniciativa. Agora baldam-se!", afirmou, recebendo uma salva de palmas dos presentes. Montenegro esclareceu que não questiona a legitimidade do Governo, mas acusou os socialistas de não cumprirem o programa em que os eleitores confiaram.

"Este Governo quer que tudo fique na mesma. Em bom rigor, este Governo não queria ter maioria absoluta porque assim tinha uma desculpa para não fazer nada. É uma chatice para o primeiro-ministro ter uma maioria e ter de responder por ela", disse.

Conservas e doações

Além do discurso do líder social-democrata, o encontro natalício ficou marcado pelo simbolismo da época. Para cada um dos deputados e funcionários do partido havia uma lembrança "com utilidade", como se ouviria nas mesas: um pequeno saco com duas embalagens de conservas, com o propósito de ajudar "a economia portuguesa", explicou o líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento.

Para lá disso, por cada deputado e por cada funcionário serão doados 15 euros a duas instituições de solidariedade: metade para o Banco Alimentar Contra a Fome e a outra metade para a Liga Portuguesa Contra o Cancro, anunciou o deputado Miranda Sarmento.

Houve também espaço para uma troca de prendas entre Miranda Sarmento e Luís Montenegro. E mesmo com o líder do partido fora do Parlamento – por não ter concorrido nas listas do partido em Janeiro –, o líder da bancada do PSD fez questão de sublinhar a coordenação entre a sua bancada e a direcção do partido.

Das mãos de Miranda Sarmento, Montenegro recebeu uma réplica da chave do Palácio de São Bento. "Há quem diga que a bancada parlamentar está demasiado ligada à direcção do partido. Mal seria se assim não fosse. Estamos muito coordenados", insistiria Montenegro, durante o seu discurso, que durou cerca de 35 minutos. No final, desembrulhada a prenda, Montenegro regressou ao microfone para revelar: "Deu-me a chave de casa."

Sugerir correcção
Ler 6 comentários