Mensagem de Natal. Costa promete país “ao abrigo das turbulências do passado”

O primeiro-ministro garantiu que “a trajectória sustentada de redução do défice e da dívida coloca país ao abrigo das turbulências do passado” e que Portugal está “no pelotão da frente”

“Paz, solidariedade e confiança”. Por esta ordem. Eis as três palavras – os três “desejos” — que o primeiro-ministro destacou na habitual mensagem de Natal, transmitida este domingo. “Paz” para a guerra que assola a Europa; “solidariedade” enquanto valor imprescindível para resistir à inflação e “confiança” no país. Ainda, uma palavra especial aos ucranianos que habitam em Portugal, outra, já costumeira, a todos os profissionais que “nesta noite asseguram o funcionamento de serviços essenciais” e uma, final, a todos os que passam o Natal sozinhos. Foi a oitava comunicação natalícia de Costa enquanto primeiro-ministro: e a mais curta de todas.

Após dois anos de mensagens de Natal marcadas pela pandemia de covid-19, este ano a declaração do primeiro-ministro centrou-se noutro assunto: a guerra da Ucrânia. Sob esse contexto, destacou os três vocábulos que formariam a base da sua mensagem. "Paz, solidariedade e confiança são as três palavras que melhor exprimem o que desejamos este Natal”, iniciou António Costa.

Expandiu-as, começando pela “paz”. “Paz é o que todos ansiamos, desde que o horror da guerra regressou à Europa com a invasão da Ucrânia pela Rússia”, começou por dizer. “Acompanhamos a dor e o sofrimento do povo ucraniano e batemo-nos lado a lado com a Ucrânia pela paz e em defesa do direito internacional”, acrescentou, para logo deixar umas palavras a esse povo.

“Deixo aqui uma palavra de carinho especial à comunidade ucraniana que vive em Portugal, aos que há vários anos contribuem dedicadamente para o nosso desenvolvimento e aos que vieram nestes últimos meses à procura de segurança. Desejo que em Portugal encontrem o maior conforto possível, neste momento de angústia e de saudade”, declarou.

A seguir à “paz”, seguiu-se a “solidariedade” — “mais do que nunca o valor que nos deve guiar para enfrentar as consequências desta guerra”, considerou. E por consequências António Costa refere-se à “inflação”, que “este ano atingiu níveis que não vivíamos há três décadas”, começou por dizer. “Solidariamente”, as “famílias, empresas, instituições do sector social, autarquias e o Estado” têm “enfrentado”, “lado a lado”, as dificuldades causadas pela inflação, garantiu.

A partir desse tricô social e solidário, Costa teceria o mote para a terceira palavra-chave da sua mensagem: a “confiança”. “Só com este sentido de comunidade, partilha, e solidariedade é que temos conseguido continuar a aproximar-nos das economias mais desenvolvidas da Europa – com o investimento, as empresas, as exportações e o emprego a crescerem. Temos, por isso, razões para ter confiança”, assinalou.

“Confiança é o que o nosso país nos garante hoje, quando tanta incerteza nos rodeia no cenário internacional”, começou por notar. “A solidariedade (…) dá-nos a confiança na mobilização de todos em torno dos desafios estratégicos que se colocam ao nosso país”, disse, enumerando-os de seguida: “reduzirmos as desigualdades, acudirmos à emergência climática, assegurarmos a transição digital e vencermos o desafio demográfico”.

Garantiu, também, que o país está “ao abrigo das turbulências do passado”, assim como no “no pelotão da frente para vencer os desafios do futuro”.

“A trajectória sustentada de redução do défice e da dívida coloca-nos ao abrigo das turbulências do passado. O investimento que temos feito nas qualificações, na ciência, na inovação, e na transição energética e climática garante-nos que estamos no pelotão da frente para vencer os desafios do futuro”, afirmou.

Ainda sob o mote da confiança, o primeiro-ministro deixou uma mensagem de esperança à juventude. “Podemos ter confiança de que a nossa sociedade é capaz de garantir às novas gerações que aqui, em Portugal, terão liberdade para seguir os seus sonhos e as oportunidades para construírem o seu futuro”, afirmou.

“Pandemia” só surgiu uma vez

A declaração seguia para o fim e António Costa assinalava que esta se dirigia a todos aqueles que “vivem e trabalham em Portugal”, assim como aos portugueses que o viam “a partir de cada canto da nossa diáspora”.

Como tem sido hábito das suas mensagens de Natal, o primeiro-ministro deixou ainda uma palavra solidária, de “sincera gratidão”, a “todos os profissionais, civis ou militares, que esta noite assumem o funcionamento de serviços essenciais” e outra, de “afecto e conforto”, a todos aqueles que estão a passar a noite sozinhos.

Este foi a oitava declaração de Natal de António Costa enquanto primeiro-ministro — e, com cerca de quatro minutos e meio, a mais curta de todas. Ao contrário de nos últimos dois anos — em que foi tema central da comunicação —, desta vez a palavra “pandemia” só surgiu uma vez. Foi, também, a primeira mensagem de Natal de Costa enquanto detentor de uma maioria absoluta.

Nas mensagens de 2015, 2017 e 2018, o primeiro-ministro, entre outros assuntos, insistiu no “virar de página da austeridade”. Já em 2016 e 2019, as suas mensagens de Natal foram monotemáticas: em 2016, a partir do Jardim de Infância do Lumiar, sobre Educação, e em 2019, a partir da Unidade de Saúde Familiar no Areeiro, sobre Saúde. Foram as únicas duas declarações que não foram gravadas desde São Bento.

Na sua comunicação de 2020, focado na questão pandémica, António Costa afirmou que estava “longe de imaginar” como é que a mensagem de Natal de 2019 se “revelaria premonitória”.

Sugerir correcção
Ler 30 comentários