Rendas estabilizam e mercado contrai-se no terceiro trimestre

O valor mediano das rendas manteve-se em 6,55 euros por metro quadrado no terceiro trimestre, enquanto o número de novos contratos de arrendamento caiu 5,5% face ao ano passado.

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Rendas mantiveram-se inalteradas no terceiro trimestre deste ano Daniel Rocha

As rendas habitacionais estabilizaram no terceiro trimestre, mantendo-se inalteradas em relação ao trimestre anterior, e o mercado registou uma contracção, com o número de novos contratos de arrendamento a cair pela primeira vez em mais de um ano. Ainda assim, o preço cobrado para arrendar casa mantém-se nos níveis mais elevados de que há registo e, nas grandes cidades, os valores continuam a crescer a dois dígitos.

Os dados foram divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, no terceiro trimestre de 2022, o valor mediano das rendas fixou-se em 6,55 euros por metro quadrado. Este número representa um aumento de 7,6% em relação a igual período do ano passado, mas é o mesmo que já tinha sido registado no segundo trimestre deste ano, verificando-se, assim, uma estabilização dos preços. Esta é a primeira vez desde a primeira metade de 2020 – quando a pandemia acabava de eclodir – que não se verifica um aumento em cadeia das rendas.

Este movimento foi registado num período em que foram celebrados 22.138 novos contratos de arrendamento, uma queda de 5,5% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, naquela que é a maior redução homóloga no número de novos contratos de que há registo desde que o INE começou a divulgar estes dados.

Apesar da estabilização das rendas entre um trimestre e outro, a nível nacional, os valores aumentaram na maioria das regiões, quer em termos homólogos, quer em cadeia. Os maiores aumentos verificam-se no Alentejo Litoral e no Alto Alentejo, onde as rendas aumentaram 32,5% e 25,8%, respectivamente, em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Estas duas regiões destacam-se, também, na comparação com o segundo trimestre deste ano, com aumentos de 16% e 25%, respectivamente.

Em sentido contrário, os Açores e Terras de Trás-os-Montes foram as regiões a registar as maiores quedas, com as rendas a caírem 10% e 7%, respectivamente, face ao trimestre anterior. Já em relação a igual período do ano passado, os Açores foram a única região do país a registar uma queda dos preços, superior a 5%.

Quanto à procura, os dados do INE mostram, ainda, que o número de novos contratos de arrendamento caiu, em relação ao ano passado, em dez das 25 regiões analisadas. As maiores reduções ocorreram nos Açores (com uma queda de 16,4%), Alentejo Litoral (menos 11,8%), Algarve (-11,6%), Lezíria do Tejo (-11,5%) e áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto (-10,7% e -10,6%, respectivamente, embora estas se mantenham como as principais regiões do mercado de arrendamento, concentrando 49,8% dos novos contratos).

Por outro lado, destaca o INE, a procura por casas para arrendar cresceu, sobretudo, em Terras de Trás-os-Montes e Beira Baixa (ambas com aumentos superiores a 20% no número de novos contratos de arrendamento) e, ainda, Tâmega e Sousa (com um aumento de 12%).

Rendas disparam nas grandes cidades

Ao contrário do que se verifica a nível nacional, nas maiores cidades do país continua a observar-se uma aceleração dos valores das rendas habitacionais.

Entre os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes analisados pelo INE, as rendas aumentaram em quase todos, tanto em relação ao terceiro trimestre do ano passado (à excepção de Vila Nova de Famalicão, onde se registou uma queda de 0,6%) como face ao segundo trimestre deste ano (verificando-se uma queda dos preços em quatro destes municípios).

Os maiores aumentos homólogos, superiores a dois dígitos, deram-se em Barcelos, Cascais e Funchal, mas as subidas foram a dois dígitos na larga maioria destas cidades, incluindo Lisboa e Porto, onde as rendas aumentaram 13% e 10%, respectivamente.

Em sentido contrário ao dos preços, a procura caiu de forma acentuada nas grandes cidades, com o número de novos contratos a diminuir na maioria delas. Entre os 24 municípios analisados, só em sete se regista um aumento no número de novos contratos de arrendamento.

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