Ucrânia acredita que Rússia poderá organizar nova ofensiva em larga escala

Alto comando militar ucraniano não exclui que Moscovo esteja a planear um ataque terrestre por altura do primeiro aniversário da invasão.

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Putin encontrou-se com principais comandantes militares russos EPA/GAVRIIL GRIGOROV/SPUTNIK/KREMLIN / POOL

A Rússia poderá estar a preparar uma nova ofensiva terrestre na Ucrânia nos próximos meses, acreditam as chefias militares ucranianas. O Presidente russo, Vladimir Putin, esteve reunido com os principais comandantes das suas forças militares para gizar os planos para a próxima fase da invasão.

O major Andrii Kovalchuk, um dos militares mais graduados da hierarquia ucraniana, admitiu, numa entrevista à Sky News, que a Rússia poderá realizar uma operação em larga escala idêntica à que foi feita nos primeiros dias da invasão, não excluindo que isso possa acontecer até na altura do primeiro aniversário da guerra, a 24 de Fevereiro.

“Estamos a preparar-nos para isso. Vivemos com o pensamento de que [russos] podem atacar outra vez”, afirmou Kovalchuk, precisando que um dos cenários mais prováveis é a entrada das forças russas através do território da Bielorrússia. Os cálculos ucranianos incluem a campanha de recrutamento parcial organizada pela Rússia em Setembro que em algumas semanas conseguiu incorporar cerca de 300 mil novos soldados às suas fileiras.

A possibilidade de que a Rússia regresse à estratégia de conquista territorial que adoptou na primeira fase da invasão tem sido levantada por vários responsáveis ucranianos nos últimos dias. O comandante das Forças Armadas ucranianas, Valeri Zalujni, chegou mesmo a prever uma nova ofensiva sobre Kiev.

Nos primeiros meses de guerra, a Rússia atacou a Ucrânia em vários pontos, chegando a estar a poucos quilómetros do centro da capital do país. No entanto, as forças russas não conseguiram quebrar a resistência montada pelo Exército ucraniano, apoiado por armamento ocidental cada vez mais sofisticado, e viram-se obrigadas a recuar praticamente até às posições iniciais no Donbass. Mais recentemente, a Rússia acabou por ceder Kherson, a única capital provincial que chegou a controlar desde Fevereiro.

Desde Outubro que a estratégia de Moscovo tem estado assente sobretudo em bombardeamentos, através de mísseis e drones, que visam a infra-estrutura energética ucraniana. Na sexta-feira, a Ucrânia assistiu a uma das ondas mais intensas de ataques, que prejudicaram gravemente o sistema de distribuição de electricidade, deixando mais de metade do país às escuras.

No mesmo dia, Putin visitou o quartel-general das operações militares russas e esteve reunido com os principais comandantes para ouvir “sugestões” para os planos “imediatos e a médio prazo” para a chamada “operação militar especial” na Ucrânia, de acordo com o Kremlin.

No sábado, as autoridades ucranianas tentaram reparar os danos da véspera na rede de distribuição eléctrica. A Ukrenergo, a empresa responsável pela rede, admitiu que os trabalhos vão durar mais tempo que anteriormente e que será dada prioridade a “infra-estrutura crítica”, como hospitais, centros de fornecimento de água ou de tratamento de resíduos.

Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, foi uma das mais atingidas na sexta-feira, mas este sábado a electricidade já tinha sido reposta totalmente, segundo as autoridades locais.

O Ministério da Defesa russo informou que atingiu alvos pertencentes ao complexo industrial-militar ucraniano com “armas de alta precisão”. Moscovo tem tratado a infra-estrutura energética ucraniana como um alvo legítimo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse acreditar que a Rússia ainda dispõe de capacidade para mais ofensivas aéreas de grande magnitude e voltou a apelar para o envio de mais armamento anti-míssil por parte dos aliados ocidentais. Os EUA preparam-se para enviar para a Ucrânia os seus sistemas de defesa antiaérea mais avançados tecnologicamente, conhecidos como Patriot.

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