Educação
Mais infelizes, mais nervosos. O que se passa com os adolescentes?
É o grande estudo da Organização Mundial de Saúde sobre a adolescência. Chama-se Health Behaviour in Shool-aged Children e Portugal participa na recolha de dados desde 1998.
A cada quatro anos é possível saber que hábitos têm os jovens, como se relacionam com a escola, a família e os amigos, o que consomem, que sintomas físicos e psicológicos apresentam, como vêem a vida. Os resultados dos últimos inquéritos a 5809 alunos portugueses do 6.º, 8.º e 10.º anos, numa amostra representativa destes diferentes anos de escolaridade, são claros: os adolescentes sentem-se mais infelizes. “Em tantos anos de estudo, nunca assistimos a um agravamento tão generalizado dos indicadores como nos últimos quatro anos”, constata Tânia Gaspar, psicóloga e coordenadora em Portugal da análise da OMS. Os dados foram recolhidos em Abril. E comparam com os de 2018, muito antes de se falar em pandemia de covid-19.
Comportamentos autolesivos no último ano
O número de adolescentes que se magoou a si próprio de propósito (autolesão), durante os últimos 12 meses, aumentou de 2018 (19,6%) para 2022 (24,6%)
Com que frequência
Em que parte do corpo?
Como se sente face à vida
A percentagem de adolescentes que refere sentir-se infeliz aumentou de 2014 (14,6%) para 2018 (18,3%) e teve um maior aumento em 2022 (27,7%)
Tão triste que parece que não aguenta
A percentagem de adolescentes que refere sentir-se, quase todos os dias, tão triste que não aguenta aumentou de 2018 (5,9%) para 2022 (8,7%)
Sintomas físicos
Regista-se um aumento de adolescentes que referem ter sintomas como dores nas costas ou tonturas quase todos os dias
Dores de cabeça...
... de estômago
... costas
... pescoço e ombros
Tonturas
Sintomas psicológicos
Mais adolescentes referem sentir-se tristes quase todos os dias. Em 2014 eram 5,1% e em 2022 são 11,6%
Estar triste/deprimido...
... irritado/mau humor
... nervoso
... com medo
Cansaço e exaustão
Percepção da saúde
Mais adolescentes percepcionam a sua saúde como sendo muito má
Covid-19
Quase um terço dos adolescentes diz que a covid-19 teve um impacto positivo na vida como um todo
Alguma vez testou positivo à covid-19
Alguém da família testou positivo à covid-19
Relativamente ao impacto da covid-19, os adolescentes dizem que ele foi:
Achas que o teu corpo tem/é…
Satisfação com a vida baixou
Numa escala de 0 a 10, regista-se um ligeiro decréscimo de adolescentes que referem sentir satisfação com a vida de 2018 (7,7%) para 2022 (7,5%)
Actividade física aumentou
Há um aumento no número de adolescentes que refer praticar actividade física três a seis vezes por semana. Em 2018 eram 52,5% e em 2022 são 56,3%
Os adolescentes estão a dormir menos horas
Regista-se um aumento no número de adolescentes que dormem menos de 8 horas por noite, durante a semana. Em 2018 eram 39,2%. Em 2022 são 46,2%
Mais jovens com dificuldades em adormecer
Verifica-se um aumento no número de adolescentes que senten dificuldade em adormecer, quase todos os dias, de 2018 (12,7%) para 2022 (17,9%)
Menos jovens tomam o pequeno-almoço durante a semana
71,8% dos jovens diziam, em 2018, que tomavam o pequeno-almoço todos os dias. Houve uma diminuição, para 61,4%
Hábitos alimentares: o que comem e o que nunca comem
Fruta
Vegetais
Doces
Refrigerantes
Frequência das refeições em família
Verificamos um decréscimo nas refeições em família, todos os dias, de 2018 (68,8%) para 2022 (56,2%)
Relações online
Entre confinamentos e fora deles, a relação com a família degradou-se, a dependência das redes sociais aumentou. À pergunta “com que frequência tens contacto online com as seguintes pessoas’”, os jovens responderam assim:
Uso do preservativo na última relação sexual
Uso da pílula contraceptiva na última relação sexual
O que menos gostas da escola? (% de não gosto nada)
Qualidade da relação com os colegas e professores
Colegas
Professores