Milhões de norte-americanos estão a voltar para casa dos pais: não conseguem pagar renda

Cerca de um em cada quatro millennials estão a viver com os pais, nos Estados Unidos da América. O motivo: teriam de gastar mais de metade do salário para pagar a renda.

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Os jovens americanos estão a mudar-se de volta para casa dos pais. São resultados de um inquérito da Pollfish para a PropertyManagement.com, citado pela Bloomberg, que questionou 1200 pessoas entre os 26 e os 41 anos. A conclusão: cerca de um em cada quatro millennials estão a viver com os pais. Ou seja, cerca de 18 milhões de pessoas.

O motivo mais apontado pelos inquiridos foi o aumento das rendas: cerca de 15% diz estar a gastar mais de metade do salário para pagar casa.

Este não é o único estudo feito nos Estados Unidos que reporta estas conclusões. Em Julho último, um estudo da Pew Research Center reportou que um quarto dos adultos com idades entre os 25 e os 34 anos vivia “numa casa de família multigeracional”, ou seja, “que inclui duas ou mais gerações de adultos, tipicamente de idades a partir dos 25 anos” — sendo a mais comum a casa dos pais. Em 1971, eram apenas 9%.

Em 2021, segundo o estudo da Pew Research Center, 68% dos jovens entre os 25 e os 34 anos estavam a viver na casa de um ou ambos os pais. As razões apontadas são também financeiras, segundo um estudo anterior, conduzido em Outubro de 2021.

Ao New York Post, uma jovem de 22 anos disse estar a viver com os pais e a tentar juntar dinheiro para quando se mudar. E fez uma lista de prós e contras: “Trabalhas e poupas 100% do teu salário. Tens refeições grátis, podes gastar o salário a viajar, podes viver com o cão da família, não há responsabilidades de adultos.”

De acordo com dados da Morgan Stanley, citados pela Bloomberg, o número recorde de jovens adultos a viver com os pais está a contribuir para o aumento da procura de bens de luxo nos Estados Unidos e no Reino Unido — especificamente de bolsas, relógios e jóias. "Quando os jovens adultos não têm de gastar o seu orçamento em necessidades do dia-a-dia (como a renda e alimentação), têm mais dinheiro disponível para gastos arbitrários", refere o relatório. "E isso é positivo para a indústria."

Para Daniel Eghdami, de 27 anos, o sentimento não é o mesmo. Citado pelo New York Post, diz ter-se mudado para casa dos pais no início da pandemia por motivos financeiros. “Era obviamente um apartamento com mais qualidade do que aquele que eu seria capaz de pagar”, referiu. Mas confessou sentir-se “algo envergonhado” quando dizia que vivia com os pais. “Sentia que era velho demais do que é socialmente aceitável nesta situação”, lamenta. Mas voltar a casa não significa que falhaste na vida. Este texto mostra-o.

Notícia actualizada às 17h28 de 13 de Dezembro de 2022: foi acrescentada informação em relação ao aumento da procura de bens de luxo nos Estados Unidos.

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