Lula escolhe nomes de confiança para ministérios-chave

Haddad será ministro das Finanças, Rui Costa fica à frente da Casa Civil e Flávio Dino na Justiça. Lula diz que Governo terá lugar para negros, mulheres e indígenas.

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Lula anunciou os primeiros ministros do seu Governo ADRIANO MACHADO / Reuters

O Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, anunciou esta sexta-feira os primeiros nomes que vão integrar o seu Governo à frente de alguns dos ministérios mais importantes.

Fernando Haddad, o ex-autarca de São Paulo e ex-candidato presidencial, será o novo ministro das Finanças, enquanto o ex-governador da Bahia, Rui Costa, será o responsável máximo da Casa Civil. Para ministro da Justiça foi nomeado o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, para a Defesa confirma-se o nome de José Múcio Monteiro, ex-deputado e antigo juiz do Tribunal de Contas da União. O novo ministro dos Negócios Estrangeiros será o diplomata Mauro Vieira, que já tinha passado pelo cargo durante o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Lula decidiu pôr um ponto final à especulação intensa que borbulhava nas últimas semanas na imprensa brasileira e acelerou o calendário a que ele próprio se tinha comprometido – inicialmente, a intenção era anunciar a composição do Governo apenas a partir de 12 de Dezembro, para quando está marcada a diplomação de Lula como Presidente eleito.

Nos nomes anunciados agora não há propriamente surpresas. Haddad, Costa e Dino são três políticos do círculo mais próximo de Lula e os dois primeiros são actualmente quadros muito importantes no Partido dos Trabalhadores (PT) e vistos como potenciais sucessores de Lula.

A nomeação de Múcio para chefiar a pasta da Defesa representa o regresso de um civil à liderança deste ministério após os quatro anos em que Jair Bolsonaro nomeou sempre militares. A imprensa brasileira descreve o ex-juiz do Tribunal de Contas como “um político conciliador e moderado”, qualidades que serão fundamentais para garantir uma boa relação entre o Governo e o sector militar, que nos últimos anos ganhou uma preponderância inédita desde a redemocratização.

Há expectativa que Lula apresente ainda esta sexta-feira os nomes escolhidos para chefiar os três ramos das Forças Armadas. A tomada de posse presidencial está marcada para 1 de Janeiro.

A nomeação de Vieira, um diplomata com larga experiência e com uma passagem anterior pelo cargo, é um sinal importante para revitalizar a importância do Ministério dos Negócios Estrangeiros, conhecido como Itamaraty. As nomeações de Bolsonaro para a pasta de personalidades muito ideológicas, mas com escassa experiência diplomática foram muito criticadas, dentro e fora do país.

Vieira chefiou o Itamaraty entre 2015 e 2016, na fase final do Governo de Dilma, mas antes já tinha sido embaixador em dois dos países mais importantes para o Brasil: Argentina e EUA. Actualmente era embaixador em Zagreb.

Questionado sobre a presença de mulheres, negros e indígenas no Governo, Lula assegurou que pretender manter a promessa de ter um Executivo representativo. “Vocês vão ver que a gente vai colocar muita gente para participar [no Governo]. Vai ter mulher, homem, negros, índios, vamos tentar montar um governo que seja a cara da sociedade brasileira, em sua total plenitude”, afirmou durante a conferência de imprensa em Brasília.

Na composição do Governo, Lula terá ainda de ter em consideração o equilíbrio partidário – as nomeações feitas esta sexta-feira pendem sobretudo para a órbita do PT. O objectivo é que o Executivo dê espaço à grande coligação, que vai da esquerda até à direita moderada, que apoiou a sua candidatura. Entre os nomes cotados para ainda integrar o Governo estão a ex-candidata presidencial Simone Tebet e a deputada federal Marina Silva.

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