Ministro dos Exteriores de Bolsonaro é diplomata e trumpista

Problemas com os países árabes por causa da promessa de mudar a embaixada brasileira para Jerusalém e conflitos com a China estão na agenda do governante.

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Bolsonaro e Ernesto Araújo DR

Jair Bolsonaro, o Presidente eleito do Brasil, anunciou o muito esperado nome do próximo ministro das Relações Exteriores: Ernesto Fraga Araújo, um embaixador que dirige o Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty, e que se destacou durante a campanha das presidenciais por fazer campanha a favor de Bolsonaro e chamar “terrorista” ao Partido dos Trabalhadores.

Foi através das redes sociais que Bolsonaro anunciou a sua escolha, chamando-lhe “um brilhante intelectual, diplomata há 29 anos”. Araújo era bem cotado para ocupar o cargo por causa do blog e porque enviou à campanha de Bolsonaro um artigo de sua autoria, com o título “Trump e o Ocidente”, que os deixou muito bem impressionados, relata o jornal Correio Braziliense.

No seu blog – em que não se identificava como diplomata, embora revelasse o seu nome, o que causou um pequeno escândalo -, relatou uma participação numa acção de campanha por Bolsonaro de forma apaixonada, diz a Folha de São Paulo. “O movimento popular por Bolsonaro não se nutre de ódio, mas de amor e de esperança... Só me lembro de uma atmosfera cívica desse tipo em duas ocasiões: a campanha das Diretas Já em 1984 e o movimento pelo impeachment em 2016. Isso significa que se trata de muito mais do que uma eleição... Trata-se de uma luta pela sobrevivência da pátria."

A escolha de Ernesto Araújo, um apoiante da política de Trump e especialista em Estados Unidos, faz sentido para Bolsonaro, que quer aproximar o Brasil dos EUA, numa viragem histórica da diplomacia brasileira.

Enquanto ministro das Relações Exteriores, aguardam-no já algumas situações espinhosas para resolver. Uma delas diz respeito às declarações de Bolsonaro garantindo que irá mudar a embaixada brasileira em Israel de Telavive para Jerusalém, seguindo a decisão dos Estados Unidos de Donald Trump. Causou uma reacção imediata do Egipto, que cancelou uma visita que o actual ministro das Relações Exteriores do Brasil deveria fazer ao Cairo, em retaliação.

E ofender os países árabes com esse gesto tem potenciais implicações graves para as exportações brasileiras de carne para os países do Médio Oriente que, juntos, representam 4% das exportações totais brasileiras este ano, de Janeiro a Outubro, cerca de oito mil milhões de dólares (cerca de sete mil milhões de euros).

As relações do Brasil com a China estão também em risco de sofrer um abalo com o Governo Bolsonaro, que fez já várias declarações que abalaram Pequim. Concessões mineiras estão na origem das divergências.

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