Covid-19: regresso das máscaras obrigatórias ganha força em França

Presidente do órgão científico que monitoriza e antecipa riscos sanitários aconselha Governo francês a reintroduzir medida para travar nova onda de casos. Ministro da Saúde já admitiu esse cenário.

Foto
Autoridades francesas recomendam uso de máscaras em espaços públicos EPA/IAN LANGSDON

Uma nova vaga de casos de covid-19 está a deixar hospitais e outros serviços de saúde em França sob forte pressão e pode antecipar o regresso da obrigatoriedade das máscaras protectoras em alguns espaços públicos.

Depois do “apelo solene” da primeira-ministra, Élisabeth Borne, na semana passada, para os franceses voltarem a usar a máscara em espaços fechados e, particularmente, nos transportes públicos, o ministro da Saúde, François Braun, assumiu, no domingo, que não descarta o regresso do uso obrigatório da mesma.

“Se as infecções continuarem a aumentar, a minha mão não vai tremer se for necessário decretar a obrigatoriedade da máscara”, afirmou, em entrevista ao canal de televisão BFM.

Também no domingo, em entrevista ao Journal du Dimanche (JDD), a presidente do Covars – o órgão científico responsável por monitorizar e antecipar riscos sanitários e epidemiológicos –, Brigitte Autran, fez essa recomendação ao Governo e aos franceses.

“O regresso das máscaras obrigatórias é uma decisão política e não nos cabe decidir. Mas temos de usar a máscara tanto quanto possível em espaços fechados, onde há uma proximidade entre pessoas significativa”, afirmou.

Segundo as autoridades de saúde francesas, citadas pelo JDD, na sexta-feira foram registados 48,629 novos casos de covid-19, um aumento de 46% em comparação com a semana anterior. O número de pessoas admitidas nos cuidados intensivos também aumentou exponencialmente na última semana, refere o jornal.

Autran não escondeu o seu desalento com o número “desolador” da vacinação da população para este Inverno, e não apenas em relação à covid-19, apesar da campanha de reforço lançada no início de Outubro.

“É verdadeiramente triste que os franceses não se estejam a vacinar – ou não o suficiente”, lamentou.

“Temos o mesmo problema com a gripe: este ano temos um nível reduzido de vacinação, em comparação com os anos anteriores. Os franceses precisam mesmo de se proteger”, apelou a cientista.

A responsável máxima pelo Covars revelou que o órgão a que preside vai anunciar as conclusões de uma “avaliação completa” da situação epidemiológica no final desta semana ou até ao início da próxima.

O Governo francês estará, por isso, a aguardar esses resultados para decidir que medidas adicionais deve tomar para travar a propagação do coronavírus entre a população.

Sugerir correcção
Comentar