Irão anuncia aumento de produção de urânio enriquecido

Agência Internacional de Energia Atómica aprovou na semana passada uma nova resolução de condenação de Teerão por não esclarecer a existência de vestígios de urânio em locais não declarados.

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O Irão já consegue enriquecer urânio a 60%, mas ainda distante dos 90% necessários para fazer uma bomba atómica EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

A autoridade de energia atómica do Irão anunciou nesta terça-feira que aumentou a produção de urânio enriquecido nas suas instalações nucleares.

Citada pela agência noticiosa estatal IRNA, a organização garante que o enriquecimento de urânio aumentou no complexo de Natanz e começou pela primeira vez em Fordwo, graças à entrada em funcionamento de “uma nova geração” de centrifugadoras, que permitirá “um aumento maciço de produção”.

Este anúncio é feito poucos dias depois de a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ter aprovado uma nova resolução de condenação ao país por falta de cooperação. O organismo da ONU critica o regime de Teerão por continuar a não esclarecer a existência de vestígios de urânio em locais não declarados.

Na quinta-feira, depois da votação da AIEA, um porta-voz dos Negócios Estrangeiros iraniano deu a entender que a decisão estava relacionada com a vaga de manifestações que prossegue no país. Nasser Kanani acusou os Estados Unidos e os países europeus que apresentaram a resolução (Alemanha, Reino Unido e França) de quererem “tomar partido das condições recentes” para “exercer pressão política sobre o Irão”, uma vez que não existiam “razões técnicas credíveis ou urgência” para a votação.

Segundo a IRNA, o aumento de produção agora anunciado é “uma resposta” directa à organização liderada por Rafael Grossi, que rejeita a acusação de que a agência tenha motivações políticas.

O actual nível de enriquecimento de urânio no Irão é de 60%, um valor bastante superior ao estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, entretanto abandonado, mas ainda longe dos 90% necessários para uma bomba atómica.

As negociações com vista à reactivação do acordo – que os Estados Unidos decidiram abandonar em 2018, durante a presidência de Donald Trump – começaram em Abril de 2021, mas estão num impasse há meses, com o Irão e os países ocidentais a acusarem-se mutuamente de falta de interesse em chegar a um entendimento.

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