Eleito do CDS da Junta de São Domingos de Benfica acusa executivo de “esquema fraudulento”

Centrista faz acusações graves aos membros do executivo da Junta de São Domingos de Benfica. Líder da freguesia diz que “são totalmente falsas”.

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Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica Ricardo Lopes/Arquivo

Nuno Brito, eleito para a assembleia de freguesia da Junta de São Domingos de Benfica (SDB), está há mais de um ano de costas voltadas para o executivo. Agora, sobe o tom das suas críticas e diz que a direcção, liderada por José da Câmara (eleito pelo PSD), paga “avenças milionárias a elementos do PSD”. O presidente e membros do executivo desmentem todas as acusações.

O centrista, eleito pela coligação Novos Tempos (PSD, CDS-PP, PPM, MPT e Aliança), que ganhou a junta no final do ano passado, assegura ter ficado acordado, antes do acto eleitoral, que o CDS “teria dois lugares no executivo”. Porém, os eleitos pelo CDS ficaram apenas como eleitos à assembleia de freguesia.

As razões, conta, foram várias. Tinha exigido que nenhuma pessoa investigada judicialmente no processo Tutti Frutti alegada teia de crimes de corrupção que envolve diversas personalidades e autarcas do PS e do PSD continuasse a colaborar com a junta , o que “não foi respeitado”. Pedia que, além dos dois elementos com pelouros, “fossem contratados oito profissionais de diferentes áreas para apoiar o executivo” e propunha um tecto salarial que, no máximo, seria 1155 euros líquidos para estes profissionais que substituiriam “as ‘normais’ contratações de empresas de estudos que cobram valores milionários”. Diz mesmo que neste momento a junta de SDB paga uma avença mensal de consultadoria que “ronda os cinco mil euros”.

“Perante este cenário, após as eleições, o presidente eleito imediatamente me informou de que não me queria no executivo, querendo ser ele a escolher os elementos do CDS/PP que iriam integrar o mesmo. Perante esta imposição, o grupo de trabalho do CDS/PP de São Domingos de Benfica recusou, em bloco, viabilizar e integrar o executivo”, disse ao PÚBLICO o centrista.

Das muitas queixas que Nuno Brito, 49 anos, diz ter do executivo, a contratação de serviços externos surge na frente. Fala mesmo em “falta de transparência no pelouro do Empreendedorismo”, que “basicamente funciona somente para camuflar avenças milionárias com entidades que não produzem qualquer tipo de prestação de serviços”.

Um “esquema fraudulento” que Nuno Brito diz ter vindo do anterior mandato do PS e “que já se iniciou” no actual. O centrista afirma que, “nas últimas assembleias [de junta], os eleitos protestaram sobre os cerca de 500 mil euros atribuídos a gastos em avenças milionárias a elementos do PSD”. A Junta de Freguesia de SDB tem um orçamento que ronda os sete milhões de euros.

Este militante do CDS, que está na assembleia de freguesia desde 2013, diz que sempre lutou e denunciou “estas situações”. “Sempre lutei contra estas coisas. Faço o que penso que um autarca tem de fazer. Não consigo pactuar com um sistema corrupto. Isto tem de levar uma limpeza”, acrescentou.

O PÚBLICO contactou Nuno Vitoriano, membro do gabinete de comunicação da junta de SDB e, depois, pediu por escrito uma reacção às acusações feitas por Brito. A resposta foi curta, mas clara: “As alegações do deputado Nuno Brito (CDS/PP) são totalmente falsas e não merecem mais comentários do presidente e do executivo desta junta de freguesia.”

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