Seca: Água para regadio está a quase metade do normal para a época em Trás-os-Montes

O armazenamento de água para regadio em Trás-os-Montes está abaixo da média dos últimos cinco anos. Baixa precipitação e uso da água para consumo público têm influência nas reservas.

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Arcossó e Vale Madeiro, em Mirandela (Bragança), são as barragens com os valores mais críticos na região Nelson Garrido

A água armazenada nas barragens para regadio em Trás-os-Montes é quase metade do normal para esta época do ano, ainda sem impactos das chuvas de Outono, segundo dados oficiais a que a Lusa teve acesso. Todas as 13 barragens monitorizadas semanalmente na região pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) apresentam, no último relatório disponibilizado esta segunda-feira, níveis de armazenamento abaixo da média dos últimos cinco anos.

Nos dados recolhidos a 18 e 21 de Novembro, os 13 aproveitamentos hidroagrícolas somam pouco mais de um terço (35,6%) da capacidade de armazenamento de água, quando, nos quatro anos anteriores, o valor ultrapassava os 60%.

A percentagem de enchimento destas albufeiras tem vindo a aumentar nas últimas semanas, mas o que conta é o armazenamento útil para manter o caudal ecológico mínimo, e esse ainda não revela reflexos das chuvas de Outono, como indicou a directora regional, Carla Alves. “Ainda não houve chuva suficiente para que estes valores sejam alterados, mas também porque os solos estavam muito secos e têm absorvido muita água”, explicou.

Além disso, como disse, dois dos armazenamentos hidroagrícolas da região, concretamente Arcossó, na zona de Chaves (Vila Real), e Armamar (Viseu), têm também a finalidade água para consumo humano e estão a ser utilizados para consumo público, o que tem influência nas reservas.

Arcossó e Vale Madeiro, em Mirandela (Bragança), são as barragens com os valores mais críticos na região, a primeira com menos de 7% e a segunda com pouco mais de 9% da capacidade total de armazenamento. O Alto Tâmega e Mirandela são as zonas onde tem chovido menos na região, segundo a directora regional, e isso nota-se no “armazenamento muito baixo”.

Situação mais crítica em Bragança

Uma parte significativa destas barragens serve a maior zona de regadio da região, o Vale da Vilariça, onde, nos cinco aproveitamentos existentes, apenas um — o de Santa Justa — registou uma ligeira subida de 0,01%. Os restantes mantêm os níveis de armazenamento.

A situação mais crítica no vale continua a ser a barragem da Burga (Vila Flor, Bragança), com um armazenamento total inferior a 12%, depois de durante o verão ter sido apoiada pela reserva estratégia da Vilariça, a barragem do Salgueiro (Alfândega da Fé, Bragança) que se encontra com 70% da capacidade.

A seca obrigou os agricultores do vale a recorrerem à rega mais cedo do que é habitual, com recurso às barragens que não tinham conseguido recuperar do anterior inverno sem chuva. As campanhas de rega já estão encerradas em todos os empreendimentos e agora resta, segundo a directora regional, “que o inverno venha com mais precipitação”. Caso contrário, será impossível repor os valores de armazenamento.

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