Obama, o mais desejado

Teresa de Sousa assina, a partir dos EUA, uma crónica diária até à próxima terça-feira, dia das eleições intercalares norte-americanas.

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“We love you.” “I love you too. But I still want you to vote.” Numa sala apinhada de gente em delírio, Barack Obama exerce a sua magia. No fim-de-semana passado, percorreu os estados onde a situação é mais difícil para os democratas. Ontem voltou à estrada. No sábado, vai com Joe Biden à Pensilvânia. Tem 134 milhões de seguidores no Twitter, o que quer dizer que os seus comícios têm uma audiência gigantesca. Leva a plateia à mais sonora das gargalhadas para conduzi-la imediatamente a seguir aos seus deveres políticos. A democracia não se salva sozinha. E é da democracia que se trata na próxima terça-feira. “Não desistam da política.”

Não segue exactamente a cartilha dos candidatos democratas, talvez demasiado focados no aborto, cuja interpretação que o tornou legal desde 1973 foi revogada pelo Supremo Tribunal, ou no rol de medidas que Joe Biden já fez aprovar no Congresso em benefício de muita gente. Parecem, talvez, demasiado abstractas, quando uma maioria de eleitores só pensa no preço da gasolina e dos alimentos no supermercado.

Obama fala das teorias da conspiração que os republicanos divulgam nas redes sociais. “Eles dizem que os democratas continuam a querer vingar-se da derrota na Guerra Civil.” “What?” Com a audiência ao rubro, vai ao que interessa: “Compreendo que estejam ansiosos (…). Compreendo porque é tentador desligar, ver futebol na TV ou o Dancing with the Stars. Mas estou aqui para vos dizer que desligar não é opção. O desespero não é opção. Se estão com medo, se estão ansiosos, se se sentem frustrados, não se queixem. Não se limitem a vaiar. Não olhem para o lado. Não se distraiam. Não se acomodem à ideia de que nada do que disseram importa. Saiam. Para fazer o quê?” A audiência responde em coro: “para votar”.

“Se esta não é a América que vocês querem, então votem”. Os democratas sabem que muita coisa vai depender da mobilização.

As suas qualidades de oratória continuam intactas. Entrou demasiado tarde na campanha? Talvez. Quando somos tentados a só ver o pior, não há melhor exemplo daquilo que este país tem de melhor.

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