Euro valoriza acima do dólar pela primeira vez em mais de um mês

A expectativa de que a Fed vai abrandar o ritmo de subida das taxas de juro tem levado à desvalorização do dólar nas últimas sessões.

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O euro está a negociar acima da paridade com o dólar pela primeira vez desde Setembro Antonio Bronic

O euro está a negociar, nesta quarta-feira, ligeiramente acima da paridade com o dólar, um nível que já não era atingido há mais de um mês. A moeda norte-americana tem estado a desvalorizar nas últimas sessões, numa altura em que os investidores aguardam por novidades por parte da Reserva Federal, que irá reunir-se na próxima semana e que poderá abrandar o ritmo de subida das taxas de juro.

Esta manhã, o euro segue a valorizar em torno de 0,6% e negoceia em 1,0026 dólares, mantendo-se, assim, ligeiramente acima da paridade com a moeda norte-americana, o valor mais elevado desde 20 de Setembro. Também a libra está a apreciar em relação ao dólar, ao valorizar perto de 1% para mais de 1,15 dólares, um máximo desde 15 de Setembro.

Estes movimentos são o prolongamento de uma tendência de desvalorização do dólar que já se verifica desde o final da semana passada, resultado das expectativas dos investidores de que a Fed poderá começar a aliviar a política de subida de juros, numa altura em que esta já parece estar a surtir algum efeito de desaceleração da actividade económica o que, por sua vez, deverá levar ao desejado abrandamento da inflação.

Isto depois de, na passada sexta-feira, o Wall Street Journal ter dado conta de que a Fed deverá decretar uma nova subida de 0,75 pontos percentuais nas taxas de juro na reunião que se realiza a 1 e 2 de Novembro e que, depois disso, os responsáveis do banco central deverão passar a discutir subidas de menor dimensão. Aliás, segundo o jornal norte-americano, alguns responsáveis da Fed já estão a manifestar a intenção de parar com as subidas dos juros por completo a partir do início do próximo ano para evitar um abrandamento demasiado acentuado da economia.

Os dados mais recentes a reforçar esta ideia de que a actividade económica já está desacelerar foram divulgados nesta quarta-feira e dão conta de um novo abrandamento no crescimento dos preços da habitação nos Estados Unidos em Agosto, que está a ser justificado pelo impacto negativo do custo do crédito sobre a procura. Em Agosto, os preços das casas no mercado norte-americano terão aumentado 13%, abaixo das taxas de 15,6% e 18,1% verificadas em Julho e Junho, respectivamente. Esta é a desaceleração mais acentuada que se verifica desde que este índice começou a ser publicado em 1987.

Por outro lado, a inflação tem-se mantido em níveis historicamente elevados, o que mantém a pressão sobre a Fed para manter o ritmo de subida das taxas de juro. Assim, a expectativa dos analistas é que, depois de aumentar os juros em 0,75 pontos percentuais em Novembro, a Fed ainda opte por uma subida de mais 0,5 pontos percentuais em Dezembro.

Também na Europa há expectativas em torno das próximas decisões de política monetária, mas, por cá, as previsões vão no sentido de um prolongamento das subidas acentuadas das taxas de juro. O Banco Central Europeu (BCE) vai reunir-se esta quinta-feira e, apesar dos riscos de recessão económica, espera-se que a instituição volte a aumentar de forma drástica as suas taxas de juro, somando a terceira subida consecutiva.

A maior parte dos analistas antecipa uma nova subida de 0,75 pontos percentuais, o que, a concretizar-se, levará a taxa de juro de refinanciamento do BCE em 2% e a taxa de juro dos depósitos em 1,5%. Há, ainda, previsões que apontam para uma subida de um ponto percentual.

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